Entre ideias e ideais, há uma diferença muito grande…mas as ideias não brotam se não estipularmos e estimularmos os nossos ideais…
Sempre me habituei a traçar planos e a questionar os meus ideais, e com o tempo fui criando o hábito de acompanhar atentamente e de forma mais ou menos programada, quem convive mais perto de mim…
Assim, vou de tempos a tempos, lançando para o ar a pergunta ( quais são os teus ideais ? ) … mas apercebi-me de que, quem está afastado da vida voluntária e nada faz pelo mundo que nos rodeia, parece não ter ideais…
Fui percebendo que as pessoas que se dedicam aos outros, sem nada querer em troca, idealizam o futuro de forma mais animada, mais positiva…fazem planos, e se os planos não acontecem como previam, dão a volta por cima com muito mais facilidade…
Entendi então que essas pessoas, amam com mais amplitude, o que de alguma forma as favorece, porque são mais alegres, e essa alegria transborda, seca as lágrimas rapidamente e não entram em depressão com tanta facilidade…
Percebo que amar com amplitude, não permite que caminhemos de olhos postos no chão, mas nos faz mais disponíveis, de tal sorte, que por vezes parecemos estar no meio da guerra, mas o tempo passa tão rápido, que não ouvimos o disparo de quem quer guerrear…
Amar com amplitude, é ser voluntário na vida, independentemente do cenário que se apresenta perante nós…
Tenho vivido momentos de paz inesperados, e tenho percebido que as pessoas que aparecem sem paz, são pessoas que não se movem, mas vivem em círculos, vincadamente pessoais, e por isso mesmo se desgastam e já não sabem como caminhar…
Os seus ideias deixaram de existir vai para muito tempo, e por isso mesmo perderam o hábito de criar ideias novas e conviver para elas é um sacrifício…quase sempre vivem tolhidas de medo e já têm medo de ter medo…vestem-se de uma ansiedade que não tem tamanho… deixaram de acreditar até nos amigos…
Tenho percebido que os seres humanos sem ideais, tem o corpo obedecendo ao calendário, mas fica-me a ideia de que o seu interior envelheceu de forma acelerada e sem pedir licença…
Amar com amplitude, é de facto a forma mais inteligente de vida, porque , se é dando que recebemos, então a máxima está dando mesmo certo, nós estamos mesmo recebendo em troca a energia de que dispomos…
avultados de dívidas á vida que mal aproveitaram...
estão sugados pelo tempo, que sem tempo os empurrou de forma labiríntica e os calca ... e os esquece... e já nem para eles olha como em outros tempos...
o Inverno da vida é severo, rigoroso e implacável...
um dia o meu Tel. tocou...uma voz chorosa, com muita idade chorava aflita, com frases decoradas por tanta insistência em serem repetidas e a voz que chorava sabia a coração dorido de tanto desgosto...
o filho já com idade respeitável, transformara-se no seu carrasco...
os gritos e as agressões constantes, são o pão nosso de cada dia...
mas, não se pode queixar, não pode dizer que a agressão física acontece e sabe de antemão que se o filho souber que se queixa, as agressões serão maiores...
esteve internada para uma operação melindrosa e não deixou o cartão de crédito na mão do filho, já que de vezes anteriores ele simplesmente gastou todas as suas economias...
viver em conjunto com ele, para ela, é um suplico enorme, mas ninguém a pode ajudar...
ela apenas se quer lamentar e fê-lo durante uma hora...
depois se despediu duvidando da existência de Deus, e angustiada, pedia que o filho partisse rapidamente deste mundo, para ela ter sossego...
arrepende-se de escolher a companhia do filho , mas tem que viver com ele...
o álcool a que o filho se entrega diariamente, agrava a sua má disposição para com aquela, ela que lhe deu a vida...
já muito de noite, lá consegui que fosse dormir, e no meio de muita desculpa, desligou para ver se descansava..
quando a vemos a passar percebe-se que carrega uma dolorosa cruz...
cambaleia e chora mal encontra os nossos olhos...
pergunta sempre que mal fez a Deus para ter uma velhice tão difícil...
aconselhei o apoio á vitima, mas ela tem medo...
assim caminham muitos idosos neste mundo, sovados pelos menos velhos e por alguns bem mais novos...
as lágrimas confundem-se com as rugas e sempre que choram pensamos que são as dores próprias dum corpo cansado... mas não... são as dores da alma, bem fortes quando são provocadas por filhos sem coração...
o Inverno da vida ????... quem lhe chamaria assim...
que bom seria que com a experiência acumulada pudéssemos na idade mais avançada, voltar a ser Primavera ou Verão... como o mundo seria diferente...
o Inverno da vida, gelado de amor e quente de preocupação e desgostos, ainda é o que espera a maioria dos mais velhos neste mundo...
por isso eu sempre recomendo, que se esforcem por se manterem activos, física e mentalmente, e parem apenas quando a vida de forma declarada e concreta assim o exigir...
até lá, mantenham a força viva que os trouxe até aqui e vivam, vivam todas as loucuras, todos os amores, sem vergonha e com mais energia...
nós, os que ainda não estamos velhos, semeemos a Paz e não permitamos que ninguém, nem mesmo um filho nos retire essa paz...
um abraço do tamanho do mundo ...
e se você que está a ler esta página tem junto de si alguém mais velho, que simplesmente ignora, corra para ele, abrace-o e fique a contemplar de mente limpa, o Inverno da vida, porque há rosas que ainda florescem no Inverno, mantendo o seu perfume inigualável...
longe vai o tempo em que para receber ajuda, os mais pobres tinham que ser muito pobres, muito sujos e muito esfarrapados...
é necessário mudar o paradigma e abençoar as boas práticas de voluntariado activo e plenamente solidário...
hoje em dia, tudo muda ao momento e o rosto da pobreza também mudou...
" JÁ NÃO POBRES" como antigamente?... por certo que os há...
mas as famílias que abordam O Coração da Cidade solicitando ajuda, empobreceram pelos mais variados factores...e desses factores, nós temos descartar a pobreza governamental, a ruina das estruturas sociais que se sentem incapazes de oferecer planos de paz laboral a quem investiu, muitas vezes, tudo o que tinha para ser gente com LETRA GRANDE...
este novo programa social, funcionará no sentido da resiliência, e na reestruturação familiar , para que os cidadãos inseridos no programa possam abraçar uma vida mais saudável a todos os nivéis...
todo o cidadão que recebe auxílio, dá de si mesmo, contribuindo também com o seu tempo solidário...
a participação de todos nós no amparo a uma sociedade mais justa, é um dos pontos deste programa...
educar para a cidadania é urgentíssimo...
por tudo isso apelamos a todos os cidadãos de boa vontade que se juntem a nós, para ser sempre possivel ajudar sem que tenham que esmolar...
O Coração da Cidade, vai caminhando no tempo, com um objectivo único: o de dignificar os estados de pobreza, sejam eles, materiais ou morais …
Para que pudéssemos avançar em 2016 com a certeza de que estamos a fazer o melhor que podemos e devemos, o ano social que se inicia a 1 de Setembro como habitualmente , introduz alterações que são de grande benefício a quem está inscrito nos nossos programas sociais…
Apoiar as famílias que se encontram momentaneamente com dificuldades, é para nós fundamental, mas sempre exigimos que quem pede ajuda , também ajude com a sua colaboração…
A partir deste ano e com o novo programa 3B – o Bem o Bom e o Belo, todo o cidadão que receber ajuda no Coração da Cidade tem que colaborar com a comunidade… este programa visa:
CONSTRUIR CONSCIÊNCIAS E ANULAR DEPENDÊNCIAS…
A inércia e o ócio não fazem parte da nossa formação social…
Por isso mesmo precisamos da ajuda de todos os interessados num mundo melhor…a dignificação da pobreza passa por ajudar a viver com interesse pela vida de forma educada ( BEM) , saudável ( BOM) e inteligente que é o ( BELO)…
o mal efectivamente não existe, e ainda que o assinalemos, ele não pode instalar-se, porque, no Universo, tudo é movimento, e essa ( onda de mal) , logo se desfaz, ajustada por esse mesmo movimento, e impulsionada por este, se deixa atrair a uma outra fonte de energia , que paulatinamente vai transformando o mal em bem...
a grande dificuldade para este tipo de compreensão, prende-se com a incapacidade de esperança que ainda envolve o ser humano...
se apenas pensássemos e sentíssemos como espírito, de forma consciente, na dimensão onde estamos, e que nos mostra o factor tempo como impedimento para a grande esperança, não sofreríamos tanto, conscientes que ficávamos de que esse mal iria desvanecer-se...
para que o mal se instalasse de vez, teria que existir uma força superior ao bem, que o colocasse definitivamente e massivamente no nosso plano... ora isso é impossível, porque a única fonte de criação, cria apenas o bem, e funciona como energia inspiradora para resolver o desajuste, próprio de inexperiência, ou seja ( o mal originado na incapacidade de manter o bem)...
este longo trabalho é que vai fazer de nós espíritos mais completos... enquanto isso não acontece, vamos sobrevivendo como espíritos mais complexos... mas estamos lutando ... e isso é maravilhoso...
abençoados os desafios e aqueles que não desistem de lutar…
ao longo da existência, fomos sendo erradamente informados, que a nossa transformação tinha sempre como sombra ( o pecado original), e os ( pecados que depois iam tendo origem em cada um de nós )…
não houve, por erro de educação, mas também por egoísmo dominador, a preocupação de educarem a humanidade, na base do amor, da paz, da integralidade absoluta, rumo ao bem…os que se iam esforçando nesse sentido, logo eram abafados, pelos dominadores mais atentos… a política e a religião, fez enquanto isso um casamento perfeito e um amparando o outro dominou o mundo desatento…
afastados que éramos então da competição com os santos e com os anjos, continuamos a ser apenas barro que quebrado dificilmente se emendaria, mas ainda que acontecesse ficaria sempre com as marcas dessa doloroso distracção… ou melhor dizendo as marcas do mal continuariam em nós… hoje já não queremos as políticas ditatoriais e estamos exigindo das religiões maior abertura e completo restabelecimento da Fé e da Paz… estamos a construir Esperança… o ser humano está tomar o rumo da sua existência… está a perder o temor e está a construir através do amor, mas como tem pouca experiência está a demorar mais um pouco…
os seres de luz, neste século de esclarecimento urgente , e, encontrando espíritos sobre a Terra, menos egoístas e dispostos a esclarecer a humanidade, foram oferecendo parâmetros de educação espiritual, que motiva moralmente o esforço nessa escalada ascensional…
sabemos então que não ficaremos inertes, nem impunes, e muito menos vivendo como meros observadores dos planos celestiais… sabemos que somos elementos activos nos planos universais e muito capazes de ascender a voos mais altos… com esforço ?... que assim seja… o plano é nosso, o roteiro é particular, mas o movimento é colectivo, logo, eu mesmo percebo, que tenho responsabilidade no movimento dos outros…
por isso é necessário tomar consciência de que, para que os outros caminhem, eu tenho responsabilidades nesse impulso… o que me resta portanto?... confiar e caminhar… respirar fundo e perceber que isso de ser pigmeu, já era… vamos crescer… o Bem o Bom e o Belo esperam por nós…
o mal não está para ficar, faz parte do percurso… faz parte da construção universal… sejamos positivos…
No dia certo com as pessoas certas e com o brilho certo “ A ESPERANÇA “ …
Foi deveras emocionante, perceber que quem está numa situação difícil, precisa de carinho, precisa de atenção e que compreendem o esforço de quem se esforça por elas…
A dignidade estava em tudo…
Os lotes perfeitamente equipados com tudo o que a generosidade fez chegar ao Coração da Cidade…
Os bens expostos, estavam a gosto de todos… e quem se ia servindo dizia, com os olhos lacrimejando, é bom demais para ser verdade…
Outros pediam, que não fechássemos as instalações, porque não havia uma instituição que oferecesse um serviço igual…
Um senhora entrou fez as suas compras e depois ao despedir-se segredou… obrigada minha senhora, sabe… hoje nem senti que era pobre, vou com a ideia que voltei a um supermercado… bem hajam por tudo… deu-me um abraço e saiu…
Olhei e pensei… Meu Deus ainda fizemos tão pouco…
A minha alma se encheu com vontade de fazer mais e melhor…
Se a sociedade civil me ajudar, farei muito mais do que foi possível até hoje…
Foi mais uma vez um dia memorável, porque os nossos programas alimentares, sempre se oferecem com a maior dignidade possível…
Terminamos eram 20 h e ainda tínhamos 20 voluntários dentro do espaço a preparar tudo para segunda feira… limpando a asseando o espaço para receber mais uma vez quem voltará a abastecer-se…
Só temos que agradecer a Deus e a todos as almas que nos ajudaram…
Um bem haja do fundo da minha alma…
euo amor mais uma vez fez a diferença em todos os gestos voluntários...
Creio que foi muito rápido… de repente dei comigo a recolher algumas moedas que caíam junto de mim…
Eu apenas me tinha sentado no chão desiludido…estiquei as costas e pensando que eu estava a pedir esmola, deixaram que as moedas tilintassem para eu as apanhar… e durante todo o dia foi assim, até que me habituei e fiz daquele lugar o meu espaço permanente…
Mas o meu olhar jamais se levantou…
A que situação havia chegado um homem que sempre trabalhou…
nunca faltei, nunca fui indolente, nem malcriado para com ninguém…
Fui sempre um trabalhador aprumado e agora dispensado…desempregado …
Caminhei por todos os subsídios…até que me vi sem nada …sem direito a mais nada, fiquei esperando a reforma, que tardará em chegar…
Reparei com o tempo que mais homens como eu viviam estendendo a mão…
eu lamentava mas nunca me imaginei a fazer o mesmo…
E agora ali estava eu.. eu e o meu pedaço de chão, como se ele fosse propriedade minha…
Nunca levantei os olhos do chão…
ao mesmo nível do meu olhar, passavam as pessoas que iam e vinham, denunciando mais ou menos pressa…
Apenas as crianças olhavam para mim e estendiam na minha mão a moeda que os pais lhes entregavam…
Lembrei muitas vezes dos meus irmão pequenos e franzinos…
Naquele pedaço de chão, lembrei a minha mãe com saudade e o cuidado que ela teve sempre comigo por ser o mais franzino de oito irmãos…
A meio do dia , já não precisava de estar ali, ganhava para uma sopita e uma sande de manteiga ou de queijo e assim me deitava, no quarto que já consegui apagar, porque a casa de aluguer já há muito tempo que a tinha deixado…
A minha Teresa não ia gostar de me ver assim, ainda bem que Deus a levou primeiro…
Agora só resto eu, mas inda sou novo… que faço eu neste estado de miséria…
Dizem que é da crise. Então depois de tanto trabalhar, só me resta um pedaço de chão ?...
Mas há uns dias fiquei aflito… sentei-me como de costume e percebi que no mesmo lugar estava uma mulher com duas crianças… as moedas caíam como de costume e eu ia para as apanhar, mas não conseguia…
a mulher guardava as moedas e eu continuei ali na esperança de que ela vagasse o lugar…
Não estava entendendo nada…mas ouvi alguém a perguntar … então o senhor Paulo não está qui…que lhe aconteceu?...
Paulo…Paulo… era comigo, é o meu nome…apeteceu-me gritar…sou eu estou aqui.. mas não consegui que me escutassem porque me esforcei para falar e não saía som da minha voz…que estranho…
Sempre gostei do meu nome Paulo Lima…quando me chamavam para receber, era assim que eu ouvia o meu nome …Paulo Lima…e lá ia eu buscar um envelope de notas que me enchiam os olhos e o bolso…
Voltei a olhar para a mulher que ocupava o meu pedaço de chão…
Mas a mulher apressada, disse:- coitado já morreu vai para um mês… estava com os pulmões afectados…
Dum salto levantei-me e dei por mim mais leve e mais alto que o chão…
Alguém muito perto de mim me segurou… era a Teresa…
Segurou o meu braço e disse: - vem , já não precisas de estar aqui…
Mas este era o meu lugar………. vem , disse ela… este já não é o teu lugar…
Despertei incrédulo, como se estivesse a sonhar… triste, mas ao mesmo tempo feliz…
Ela disse-me:- tu morreste, não te recordas?...
olhei para trás e fiquei com saudade, mas ao mesmo tempo triste e pensativo…
afinal depois de tanto lutar e trabalhar, apenas fiquei com o meu pedaço de chão…
Lasalete …9 h... 6-4-2015
psic.( Paulo Lima)( crónicas do outro lado da vida)
Creio que foi muito rápido… de repente dei comigo a recolher algumas moedas que caíam junto de mim…
Eu apenas me tinha sentado no chão desiludido…estiquei as costas e pensando que eu estava a pedir esmola, deixaram que as moedas tilintassem para eu as apanhar… e durante todo o dia foi assim, até que me habituei e fiz daquele lugar o meu espaço permanente…
Mas o meu olhar jamais se levantou…
A que situação havia chegado um homem que sempre trabalhou…
nunca faltei, nunca fui indolente, nem malcriado para com ninguém…
Fui sempre um trabalhador aprumado e agora dispensado…desempregado …
Caminhei por todos os subsídios…até que me vi sem nada …sem direito a mais nada, fiquei esperando a reforma, que tardará em chegar…
Reparei com o tempo que mais homens como eu viviam estendendo a mão…
eu lamentava mas nunca me imaginei a fazer o mesmo…
E agora ali estava eu.. eu e o meu pedaço de chão, como se ele fosse propriedade minha…
Nunca levantei os olhos do chão…
ao mesmo nível do meu olhar, passavam as pessoas que iam e vinham, denunciando mais ou menos pressa…
Apenas as crianças olhavam para mim e estendiam na minha mão a moeda que os pais lhes entregavam…
Lembrei muitas vezes dos meus irmão pequenos e franzinos…
Naquele pedaço de chão, lembrei a minha mãe com saudade e o cuidado que ela teve sempre comigo por ser o mais franzino de oito irmãos…
A meio do dia , já não precisava de estar ali, ganhava para uma sopita e uma sande de manteiga ou de queijo e assim me deitava, no quarto que já consegui apagar, porque a casa de aluguer já há muito tempo que a tinha deixado…
A minha Teresa não ia gostar de me ver assim, ainda bem que Deus a levou primeiro…
Agora só resto eu, mas inda sou novo… que faço eu neste estado de miséria…
Dizem que é da crise. Então depois de tanto trabalhar, só me resta um pedaço de chão ?...
Mas há uns dias fiquei aflito… sentei-me como de costume e percebi que no mesmo lugar estava uma mulher com duas crianças… as moedas caíam como de costume e eu ia para as apanhar, mas não conseguia…
a mulher guardava as moedas e eu continuei ali na esperança de que ela vagasse o lugar…
Não estava entendendo nada…mas ouvi alguém a perguntar … então o senhor Paulo não está qui…que lhe aconteceu?...
Paulo…Paulo… era comigo, é o meu nome…apeteceu-me gritar…sou eu estou aqui.. mas não consegui que me escutassem porque me esforcei para falar e não saía som da minha voz…que estranho…
Sempre gostei do meu nome Paulo Lima…quando me chamavam para receber, era assim que eu ouvia o meu nome …Paulo Lima…e lá ia eu buscar um envelope de notas que me enchiam os olhos e o bolso…
Voltei a olhar para a mulher que ocupava o meu pedaço de chão…
Mas a mulher apressada, disse:- coitado já morreu vai para um mês… estava com os pulmões afectados…
Dum salto levantei-me e dei por mim mais leve e mais alto que o chão…
Alguém muito perto de mim me segurou… era a Teresa…
Segurou o meu braço e disse: - vem , já não precisas de estar aqui…
Mas este era o meu lugar………. vem , disse ela… este já não é o teu lugar…
Despertei incrédulo, como se estivesse a sonhar… triste, mas ao mesmo tempo feliz…
Ela disse-me:- tu morreste, não te recordas?...
olhei para trás e fiquei com saudade, mas ao mesmo tempo triste e pensativo…
afinal depois de tanto lutar e trabalhar, apenas fiquei com o meu pedaço de chão…
Lasalete …9 h... 6-4-2015
psic.( Paulo Lima)( crónicas do outro lado da vida)