inquietas e sós... poema
sobram palavras...
os gestos diluem-se no vazio
os braços procuram abraços
que não tocarão nunca...
os sons arrastam lembranças
e a mente faz poemas de embalar...
a música monta o seu palco
e na penumbra da tarde
as almas inquietas afastam o nevoeiro do medo
e vêm falar encostadas ao meu ouvido...
os medos são os mesmos
os anseios mantêm-se intactos...
falam de seus amores,
falam da saudade que não conseguem ignorar...
rezam e pedem que reze com elas...
as almas não são virtudes,
são apenas almas de gente
que sugou e mitigou sua dor...
almas disponiveis para parar ,
defronte para os homens que as ignoram...
o Sol que as libertará ainda tarda..
está na hora das Avé-Marias...
mas na cidade os sinos não tocam,
as mulheres não se vestem de negro como na praia,
os homens já não tiram o chapéu por respeito...
e eu digo :- os homens já não usam chapéu...
e elas perguntam : -então já não respeitam ninguém...
longe ... longe ainda ouço a voz
preciso de um abraço... estou só...
enrolado no amor infinito dos anjos
uma oração se estende qual manto,
porque as almas ainda precisam de se agasalhar...
mesmo em outra dimenção a dor e o sofrimento,
o amor e a saudade, a raiva e a vingança ,
vestem as mesmas cores da Terra...
as mentes se entrelaçam em ideias
que não as satisfazem e não compreendem
indiferentes às almas que se cruzam perto
chorando por estarem ausentes...
sem rimas... sem medos
com amor e com carinho
as almas passaram por aqui...
eu escrevi por elas e para elas...
saudades das almas inquietas e sós...
lasalete...