quase nua... poema
ainda não me vesti do brilho das estrelas
nem da cor das rosas que o mundo espera ver,
nem da seda das asas das almas que são belas
nem das pétalas de lágrimas que a dor já fez correr...
tenho frio e calor todo o dia e a toda a hora
choro e sufoco as palavras que a cantar ainda invento
corto a garganta pela Fé com discursos vida fora
olho mais longe o quanto posso, o quanto intento...
a dor empastou a Terra com o sangue à luz da Lua
de frente para o egoísmo que mancha e que corrói
e a alma transformada que guardo quase nua
já não suporta a indiferença e a maldade que destrói...
de costas para Deus o homem diz ser mais
mas confunde os demais, sem dor nem sentimento,
rindo dos gritos dos que já não soltam ais
porque os corpos desnutridos se confundem no cimento...
os castelos de outrora, estão ruindo lentamente,
a vida está mostrando a nudez de todos nós
e eu quase nua, aos gritos, caminho consciente
matando o tempo pelos outros, erguendo a minha voz...
vou acertando os passos um a um e quase nua
criando mil formas de me vestir maduramente,
tento vestir-me de amor, de madrugadas e de lua
pela certeza que tenho de viver eternamente...
lasalete...15.3.09... 12 h