ainda vamos a tempo de acordar...
cerradas que estão as pálpebras, o sono acontece e nada mais para além do véu que a noite permite...
isso pensa a maioria que de vez enquando, quando a vida permite, ainda vai tecendo algumas considerações sobre o plano onírico, para tentar por aí, desmistificar um pouco do futuro, que por vezes se apresente inconsistente de significado...
tenho medo dos meus sonhos e neles tenho encontrado, não só os avisos consoladores que me permitem uma vida mais estável e consciente, porque deles decifro as mensagens do plano superior e não só, mas sob o manto da premonição, tenho entendido por diversas vezes a verdade factual que passa do sonho â realidade...
não sei de dos anseios com que vivencio a vida dos mais carenciados, no sentido de lhes mitigar o sofrimento, se das notícias constantes de desestabilização , se da crise que efectivamente se instalou por aí... o certo é que ,a noite para mim se desdobra num grande écran onde as imagens ganham forma e movimento e os jogos de intenções e decisões mostram a realidade do momento, deixando em minha mente, depois de acordar, a certeza de que nada vai tão bem assim ...
o meu sonho aconteceu numa grande cidade, onde filas de gente se estendiam, pedindo auxílio ...
nada do que se entregava servia para serenar os ânimos exaltados de muitos dos intervenientes que se percebia, serem pedintes de longa data...
a austeridade do cenário dava a entender que já se vivia a situação há demasiado tempo, mas ao longe, uma voz tentava serenar quem pedia e conforme essa voz se ouvia, o pão
ia-se multiplicando e todos os famintos se sentavam a mastigar, dando a entender que a fome se tinha instalado ...
as filas eram para todos os fins... perguntei quem governava e ninguém sabia dizer, mas ao mesmo tempo, se viam tropas nas ruas a tentar por todos os meios estabelecer a ordem de quem tentava trapacear...
num écran gigante instalado na avenida, imagens de outras cidades iam passando, mostrando que o mesmo clima social era exactamente o mesmo...
pretendi sair do sonho mas não consegui...
os voluntários iam e vinham com enormes caçarolas de alimentos, distribuindo caldo quente e pão, que chegava em camiões para distribuição...
a mesma luz , a mesma voz e o carinho de muitos voluntários, que misturavam lágrimas e alimentos...
perguntei se era verdade o que eu estava a ver ...
e a voz não demorou para me responder...
- esta é a pior das guerras, se o homem não se modificar e parar para pensar o quanto antes... a fome é a pior das guerras...
acordei atrapalhada e durante um tempo demorei a baixar à realidade...
trazia o cheiro e o som das cenas que enfrentara no mundo dos sonhos e as lágrimas correram nos meus com as orações habituais...
sei que o clima ainda não é o do meu sonho, mas receio que a realidade se aproxime dos cenários que me foram mostrados...
resta-nos pedir a Deus força e coragem para nos distribuirmos pelos outros e força anímica para nos desdobrarmos em esforços continuados de ajuda ao próximo...
ainda não sei que medidas os governos vão tomar...
vejo que as preocupações prioritárias são com os bancos e os banqueiros... as grandes falências e os grandes magnates...
onde entra o auxílio ao trabalhador modesto ou quadro médio da empresa que resolveu abrir falência e que simplesmente na hora que aprazou, disse... não... não há trabalho para mais ninguém...
onde ficam os milhões de trabalhadores que vão ficar sem emprego ?...
governo algum conseguirá sustentar o caudal humano de desempregados...
o repasto social passa pela urgente e sistematizada ajuda e não pelo autismo governamental ou voluntarismo das instituições de solidariedade...
grandes medidas de combate à crise têm que ser tomadas ou nos veremos a braços com a maior guerra social de sempre...
não adiante distribuir alimentos, se não há electricidade, água e gaz para confecionar os alimentos...
é hora de despertar e de desenvolver os meios que obstem a que os mais fortes que despoletaram esta crise financeira parem...
porque todos sabem que ela foi calculada para que ao balancearem os mercados em cima da mesa ficassem apenas aqueles que habitualmente comem mais...
este descalabro económico é conhecido dos senhores que do FMI e do Banco Central Europeu ... eles sabem até onde pode ir o teatro das negociações quando devem efectivamente baixar o pano...
o povo já não se levanta para lutar e é nesse cenário de inércia emocional que quem governa descança...
a vontade para reivindicar esgotou-se...
a desconfiança generalizou-se...
a esperança deixou de fazer sentido ...
e tudo isto porquê ???????????????
porque alguém se esqueceu de ensinar, que a formação cívica é a educação principal para atingir a paz social...
ainda assim pergunto...
que futuro estamos a deixar aos nossos filhos? ...
com que direito hipotecamos a felicidade dum mundo que queríamos melhor e mais próspero?...
acordar é o lema...
que os meus sonhos não se realizem... este pelo menos não ...
um abraço de paz --- lasalete