esta a pergunta que paira no ar na boca de muita gente ao cercarem-me com perguntas que parece não ter resposta... mas pelo contrário... tem resposta sim...
- o Natal este ano .... não será semelhante aos anos anteriores...
as dificuldades aumentarão e tudo será de forma mais severa e triste... o poder de compra está reduzido e os créditos alcançados, não irão chegar para grandes exorbitâncias...
mas o Natal é sempre Natal...
se em anos anteriores as dádivas da época natalícia eram oriundas substancialmente de gente mais simples, muito embora de realçar aqueles que socialmente bem colocados sempre se lembram de quem nesta quadro tem bem menos, este ano a generosidade de todos os que ajudam a favorecer os que mais precisam serão certamente bem menores...
quase a dois meses do Natal e esta preocupação já está no ar ...
é necessário que todos nós possamos contribuir com pouco que seja, porque a pobreza virá para a rua e nada podemos fazer sem o apoio de toda uma sociedade civil... anónima mas cheia de luz para verter sobre quem passa...
até lá apraz-me registar paz para todos aqueles que mesmo não sendo muito abastados sempre estendem suas mão de generosidade e paz...
que a paz que estendem aos outros, termine afectando em paz aqueles que a propagam e estendem em nome do amor...
não era branca nem negra ... tinha um rosto mestiço, um corpo delgado e a sua juventude denunciada nos gestos dengosos, uma preguiça de quem não faz coisa alguma...
poderia ser rainha, poderia ser senhora de um império, poderia ser alguém, mas não... sobra no mundo... e vai-se lá saber porque razão...
foi exactamente hoje, logo pela manhã que os primeiros raios de sol denunciavam a cidade buliçosa e cheia de vida, que obrigava os sonolentos a acordar e assim despertava as responsabilidades, distribuindo-as por todos os espaços de alma que pudesse encontrar...
a vida dentro da vida se ia encarregando de acelerar quem ainda duvidasse que ela existe...
e foi exactamente na bomba de gasolina onde parei, que descobri os gestos incertos de gente anónima que por ali passa, mas que durante o seu cafezinho da manhã, que todos dizem saber tão bem, se trocam as primeiras, ou as mesmas impressões, de tudo o que reveste a política e os maldizeres da primeira liga de futebol...
os homens, na sua maioria, que tomavam o dito cafezinho, passavam indiferentes à paisagem...
eis que de repente, saindo do meu raciocínio com sabor a cafeína, fixo o olhar num jovem que de vassoura e apanhador na mão e de modo displicente, ia e vinha apanhando os papeis que no chão denunciavam a pouca civilidade de uns quantos e o muito movimento daquele lugar...
enquanto as diversas bombas se enchiam de gente para entregar ao seu " bichinho" o que ele há-de consumir em gasolina durante o dia, muito embora os preços tão discutíveis, o certo é que o " bichinho" tem de comer todos os dias... mas ninguém, dos que ali passavam, estavam dentro dos meus olhos que iam e vinham com o jovem da limpeza...
olhei o rapaz e conduzi o meu raciocínio no sentido de o imaginar, dentro de uma faculdade, em outra posição que não aquela, com um ar mais feliz e mais responsável, por outra actividade qualquer que não aquela... e conforme ia apensando ia observando a forma como ele apanhava cada papel para dentro de respectivo apanhador...
já la iam uns bons cinco minutos, quando ela passa para o canto oposto e aí à distância eu percebo roupas no chão... pela forma como estavam, denunciavam de imediato que uma pessoa estava ali... pensei eu... alguém que passou ali a noite...
nada de humano denunciava o encontro, porque tudo estava oculto debaixo daquele emaranhado de trapos... o jovem com medo ou à cautela, bate com força com o apanhador no chão, mas nem um só movimento denuncia o que debaixo desse montão de roupa se oculta...repetiu o gesto por três vezes, imitando, mostrando com as pancadinhas de Molière, que o teatro da vida, também ali se fazia presente... nada... apenas o silêncio e a plateia era apenas composta por mim...
dois minutos e o jovem vem espreitar... silêncio absoluto, ausência de movimentos...
mais dois minutos e o palco se abre... de dentro dos trapos espalhados pelo chão, sai um corpo delgado, cabelos desgrenhados ...quando volta o rosto, se abre para quem esperava o primeiro acto...
abre-se qual borboleta, ensaiando os primeiros gestos de denuncia de vida... espreita de lado todos os presentes e meio envergonhada se afasta e reúne os parcos haveres que representam momentaneamente a sua riqueza...
parecendo dormir o sono dos justos... dormia apenas o sono injusto de quem nesta sociedade não tem lugar injustamente...
tão jovem esta bela mulher não deveria estar ali, como no seu lugar não deveria estar mais ninguém...
abrir a manhã para a vida, olhando alguém que se levanta do chão, porque não tem lugar para dormir entre os demais , é demasiado doloroso...
os registos diários não têm como se esquecer e até que a sociedade mude o seu modo de estar e de sentir, iremos a cada dia que passa olhar as rosas a brotar do chão sem pertencerem por destino a um canteiro qualquer...
à mercê da vontade divina, elas se espalham por aí espalhando aromas infinitos que denunciam a injustiça em que a sociedade se movimenta, preocupada a cada momento,com a bolsa de valores, por isso mesmo não aprende de uma vez por todas a valorizar a vida humana...
logo mais, a rosa recolherá ao chão... por quanto tempo?...
falaria eu assim, para que de uma vez por todas, todos aqueles que de uma forma ou de outra se revestem de atitudes incómodas e se manifestam sempre de forma a se colocarem no final de cada gesto, no final de cada parecer, no final de cada decisão...
não se devem adiar os sonhos...
sempre devemos ir em frente e ditar do nosso destino, para que possamos obrigar a vida a correr paralelamente connosco e ajudarmos a motivar a nossa mente para que os nossos sonhos nunca sejam suprimidos...
nada existe de mais triste do que adiarmos a possibilidade de sermos felizes... ainda que a felicidade, passe por um encontro marcado connosco, no intimo do nosso ser, para aí medirmos a capacidade de nos encontrarmos com os outros, enfim, com todo o mundo que de forma velada nos vamos habituando a rejeitar...
adiar os nossos sonhos, ou seja a possibilidade de sermos felizes, é quase incorrigível dentro da maioria das pessoas...
ter a coragem de perseguir um ideal, não está ao alcance da maioria...
aceitar que podemos envelhecer e que o mundo mais dia menos dia nos rejeitará, é morrer prematuramente...
ter a capacidade de sonhar, é um exercício de todos os dias...
imaginar que um dia vamos conseguir ser felizes e que nos vamos colocar na trajectória da luz interior que pode brilhar a qualquer instante dentro de nós, é também adquirir saúde mental, que nos faz falta para dirigirmos o nosso destino, a todos os níveis, de forma mais saudável...
os ajustes de alma que nos ditam encontros que não podemos adiar e dos quais não nos podemos desviar temporariamente, são também influenciados de sobremaneira pelo nosso livre arbítrio...
mas o mais importante, é que ninguém esteja resignado, pensando que será de alguma forma um ser sem direitos, um espaço humano sem sonhos e um mesclado de amargura e desilusão a quem apenas é permitido envelhecer sem chocar o resto do mundo, porque um dia resolveu respirar livremente...
existem seres humanos que perderam a capacidade de sonhar e que deles apenas resta a pálida imagem de uma juventude referenciada na música da época e nas poucas recordações que avivam memórias, que fazem verter algumas lágrimas, mas que a qualquer momento nos dizem que temos deveres , mas que não temos direitos...
se o direito de nascer é importante, também é importante garantirmos a nós próprios o direito de sonhar,,,
sem virtualidades, mas com realidades mais envolventes que nos determinem a crescer espiritualmente e a conseguir sobrepor à nossa preguiça espiritual um ser humano diferente, que descobre que não sobrevive, mas que vive com os pés assentes no chão a caminhar velozmente em direcção à paz interior...
dentro dos conflitos interiores da maioria dos seres humanos, a natureza dos nossos sentidos se dimensiona por uma questão de educação, de forma literalmente errada...
adiados os projectos e desvinculados os sentidos do emocional , a tendência é desacelerar e, paulatinamente, o ser se conduz à inércia, sem que no entanto sobre si tenha atenção...
como não imprime vontade e se recusa a sonhar, adia projectos, adia experiências e suprime da sua vida o direito de se realizar e ser feliz, coarctando a sinergia própria, de e para todas as situações da sua vida...
jamais se deveriam adiar os sonhos... e se sonhar é uma arte que sonhem todos os homens e mulheres deste mundo e assim a sua vida mudará… e de forma conveniente a vida será vincadamente mais próspera...
a auto estima projectará o ser para além de si próprio colocando-o no espaço e no tempo a que pertence … na meta ideal para ser feliz…