O Coração da Cidade já iniciou três dias consecutivos de distribuição alimentar às famílias mais carenciadas ...
mais uma vez o milagre da multiplicação
aconteceu...
mas Natal sem milagre não é Natal...
vou dividir com todos um milagre de Natal que nos deixou a todos nós surpreendidos, muito embora factos semelhantes, aconteçam algumas vezes no Coração da Cidade...
à semelhança de todos os anos, meti pés ao caminho e este ano rápidamente, já que fiquei práticamente com três dias para reunir várias toneladas de alimentos que no seu conjunto, pudessem fazer mais felizes as inúmeras famílias que estão à nossa responsabilidade...
o fiel amigo, não podia faltar na mesa de todos eles e pensei, que igualzinho aos anos anteriores, ele cá estaria formalizando a generosidade que ano após ano, vai acontecendo...
mas, fiquei surpreendida...
invocando a crise, o produtor do bacalhauzinho, disse que tudo estava muito caro e que não podia dar o habitual ... nem nada ... porque a vida para ele também estava muito dificil...
fiquei muito triste... não porque não nos ajudadava, mas acima de tudo porque eu tinha a certeza de que estava a mentir, o que eu achei muito feio...
despedi-me cordialmente pelo telefone, desejei Bom Naral e muita sorte e recolhi-me em silêncio durante algum tempo...
as lágrimas abordaram os meus olhos...
sequei as lágrimas e em prece fiquei contando a Deus as dificuldades porque estava a passar...
como iria ser possivel ajudar os outros se não tinha o necessário...
roguei-lhe do mais fundo do meu coração que me ajudasse para que eu pudesse ajudar os outros ... e em voz alta, pedi que me enviasse alguém que me pudesse doar bacalhau...
as voluntárias que estavam perto de mim já se tinham apercebido da minha aflicção...
mas ficaram em silêncio tal como eu, na esparança de que um milagre pudesse acontecer... e o certo é que acontecceu...
passados 20 minutos da minha prece e um homem ainda jovem entra na instituição e vem fazer a sua inscrição para o Natal como voluntário... pergunta se precisavamos de algo especial ... e um voluntário disse ... bacalhau... e ele responde... sem problema nenhum... qual a quantidade? ... uma tonelada e meia ... respondi prontamente ... vamos a isso , eu arranjo o bacalhau de que precisa...
e tal qual como chegou assim partiu...
ao fim de duas horas o enviado do céu já tinha quase uma tonelada de bacalhau...
tudo se compôs no dia seguinte... e assim , o milagre aconteceu...
agradeci a Deus a ajuda imediata e fiquei feliz... nada iria faltar na mesa de Natal...
outros braços se juntaram e da parte de pessoas que não imaginava com tanto empenho, as ajudas vierem e cairam como estrelas dum céu que poucos sabem amar...
este Natal 2008 , está a ser para mim, pleno de coisas fantásticas e em cada gesto, em cada ajuda eu vejo a mão de Deus e dos espíritos que me iluminam a bençoar a minha aflição , facilitando a tarefa de muitos voluntários que não medem esforços para me ajudar...
louvar a Deus ainda é pouco e só encontro uma maneira de o fazer... é trabalhar mais em benefício dos outros...
que Deus Abençoe todos os que ainda acreditam num mundo melhor...
que Deus seja Louvado por mais um milagre de Natal...
é só estender a mão e o tempo fará perceber que o Natal está aí...
ao nosso alcance... o estender a mão aos outros e a nítida percepção de que afinal a pobreza da emoção grita mais alto que a pobreza material...
neste noite todas as pobrezas se misturam...
no ar um mesclado de religiosidade e folclore estranho que denuncia a complicada arte de sermos almas de gente de todas os países ...
sente-se que ainda ninguém entende muito bem a cumplicidade entre todos nós, fazendo coisas que toda a gente faz, sem que para isso mesmo tenhamos sido convocados para um ensaio prévio...
e o Natal continua ao alcance da nossa mão... os mais solidários aportam às instituições e fazem o seu amoroso papel de fadas madrinhas da solidão não programada... e Deus observa o homem a dar o melhor de si próprio administrando emoções que reserva muitas vezes para o mês de Natal...
a solidão então se veste de grande senhora denunciando programas de vida velhos e austeros, com lágrimas à mistura e desvarios de toda a ordem que já não enganam ninguém... onde está a humanização? ... por aí ...
o tempo a enviará mais e mais até que o cheirinho a canela afaste a ideia de que alguém precisa...
o amor está portanto no ar e no Coração da Cidade não poderia ser diferente...
os mais pobres dos mais pobres continuam a visitar o nosso Coração e a vida continua normalzinha...
agora este ano a crise também visitou alguns dos mais generosos...
mas, tudo esetá apostos para que na noite de 24 de Dezembro e na noite de 25 de Dezembro o Coração da Cidade bata mais forte com todos aqueles que lhe sobem ao regaço para aí fazerem a sua festa de Natal...
estamos quase lá ... se ainda pretende estar com os mais carenciados pode visitar o Coração e abraçar esta ideia... estar com os mais desvalidos numa noite que se quer e se afirma ser da família...
nesta família que se chama humanidade eles transitam anónimos na esperança de que nós os chamemos pelo nome...
a distribuição às famílias mais carenciadas está preparada para 4 dias de distribuição... onde todos os alimentos desta quadra estarão prontos para preencher as mesas de todos os que até então se pensavam sós...
mais uma vez o amor de pende de um gesto... porque não, apaixonar-se por aqueles que têm tão pouco e que tanto precisam de nós...
venha colaborar com o mundo no Coração da Cidade ou em outra instituição qualquer, mas não deixe de respirar humanização... tudo está como sempre ao alcance da nossa mão...
não podemos falar de voluntariado , de amor, de carinho, de entrega... sem nos lembrar-mos deste rosto que nos inspira amor em permanência constante...
dentro de mim... dentro de nós... sempre que um homem quiser... o amor e a entrega incondicional pode acontecer...
hoje o voluntário está de parabéns e é na sua essência um bem social com muito mais valor do que o valor que por vezes se lhe atribui...
no meu contacto directo e diário com apoio voluntário apraz-me registar o aprumo, o amor e o desprendimento de muitos voluntários que deixam por vezes para mais tardes a sua própria vida para viverem a vida dos que mais precisam de ajuda...
os carenciados de afecto, de pão, de ouvido, de companhia, são na realidade mais do que possamos imaginar e sem os milhares de voluntários espalhados pelo país e sem os milhões de voluntários espalhados pelos quatro cantos do planeta, seria muito mais difícil sobreviver para muitos seres humanos...
promover o voluntariado tem sido a grande preocupação do Coração da Cidade que neste momento se apoia em programas interactivos, que versam exactamente o redimensionar do trabalho voluntário, levando até aos mais carenciados essa vertente, que por vezes não lhes é oferecida, mas que mais que qualquer outra tarefa, ensina a crescer em relação à vida dando a oportunidade de experimentar mais capacidades desconhecidas ate então...
a possibilidade de nos entregar-mos a tarefas mínimas , tarefas de todos os dias e que passam despercebidas à maioria das pessoas, já que assentam no mecanicismo do gesto, nas mãos do voluntário adquirem um cariz diferente porque vão envolvidas de muito carinho e de absoluta entrega e incondicionalismo...
deixar verter sobre a vida dos outros a vida que existe dentro de nós é alimentar o mundo de Fé e Esperança...
o amor ao próximo assim nos convida... por isso façamos desta Terra um planeta de amor e ele será muito melhor...
deixo as minhas saudações a todos os que de bom grado se entram a qualquer serviço voluntário...