é de espantar a forma pouco cordata como vivemos e nos desenvolvemos hoje em dia…
todos dizem que gostam de liberdade, de serem livres para fazerem o que bem lhes apetece, pois que ninguém gosta de estar preso, muito menos encurralado…
foram muitos, os que em nome da liberdade se amotinaram, se revoltaram, se manifestaram de forma mais directa, guerreando e oferecendo a vida por esse estado de alma, que no fundo tão mal compreendemos…
há muitos anos atrás éramos livres, quase selvagens, e com a civilização, o homem inventou as grades, as algemas, as prisões para tudo e para todos…
hoje não podemos falar sem sermos escutados, não podemos andar de um lado para o outro sem sermos vistos, não podemos efectuar um movimento em nossos afazeres sem que uma máquina registe os passos de vida que efectuamos…
somos um número em movimento e dizemos que somos livres…
porque teimamos em dizê-lo?... até quando?...
no fundo, somente é livre o pensamento…
esse, ninguém amortalha, ninguém veda, ninguém queima…
seria bom que o homem se mantivesse integro, tanto quanto pudesse a sua dignidade, para que em verdade lhe fosse possível gritar que era um homem livre…
olhar o mundo actualmente, e sabê-lo aprisionado na ganância financeira de uns quantos, no egoísmo económico de grupos perfeitamente organizados e escolasticamente formados, para estraçalhar as vidas humanas, que em silêncio os servem, sem se desmancharem por dentro, leva-nos até às lágrimas, e nos faz perguntar: - afinal onde mora a liberdade?,,,
pensamo-nos civilizados, mas apenas aperfeiçoamos as garras …
pensamo-nos modernos, mas apenas catalogamos sentimentos atávicos de ódio…
pensamo-nos livres, mas apenas ignoramos os carcereiros…
pensamo-nos humanos, mas somos bem menos que a natureza…
no fundo, nós somos apenas indigentes, mendigando um destino mais próspero…
quando parece que nada mais nos surpreende, eis que a vida de forma mais ou menos discreta, nos oferece preciosas lições...
na última semana, entre muitos telefonemas que recebemos no Coração da Cidade, recebo um que me deixou feliz, pela forma simpática e enesperada, com que uma dvogada me abordou...
tinha no seu escritório, um casal com sérias dificuldades, que não sabia como fazer face à vida e que por isso se lamentava diante dela, na esperança , de que ela, como advogada os pudesse ajudar...
esta advogada estava perante um casal, que eram nada mais nada menos, que os devedores de uma soma de um clente seu...
ela estava encarregada de cobrar essa soma e eles ali foram para se inteirarem da situação e da form como haviam de chegar a um acordo de pagamento...
mas de repente a situação se inverte...
a advogada com bom senso, se apercebe que estava diante de um casal que nada tinha de seu...
a senhora, frágil, doente e muito triste, portadora de um cancer que está em tratamento e ele o homem, desempregado e à beira de um ataque de nervos, sem emprego ...
sobrevivem com a magra pensaõ de 300 euros e estão com dificuldade em encarar a situação...
como diz a advogada, em vez de pedir que pagassem, veio , ela mesmo à procura de auxílio, e é nessa qualidade que vem pedir ajuda...
sensibilizou-me o gesto...
o certo é que o casal foi auxiliado de imediato, porque os nossos programas são assim mesmo, auxiliam na hora, retirando do panorama familiar as nuvens negras que ocultam a paz...
creio que estão mais tranquilos, mas o que me agradou, foi mesmo saber que ainda podemos contar neste mundo, com gente boa, que ainda se peocupam com os sentimentos e as dores dos outros...
bem haja a esta senhora advogada... que a vida lhe sorria... que seja sempre feliz...
O Coração da Cidade aprendendo sempre... graças a Deus...
Neste preciso momento em que o Dr. Rui Moreira, toma posse, como presidente da Câmara Municipal do Porto, fico particularmente feliz…
Neste momento gritei…
quebrei as algemas que me prendiam a uma câmara sem alma…
O presidente cessante, transformou o seu mandato numa perseguição particular, politica ou meramente xenófoba contra uma instituição que não conheceu tréguas desde a tomada da sua poesse …
Foram difíceis os anos de terrorismo municipal, que como directora do Coração da Cidade enfrentei…
Não conheci o Tarrafal, nem a presença da PIDE, mas vivi um clima de terror sem precedentes, quando na realidade apenas estava e ajudar a população mais sofrida…
A polícia municipal obedecia sem tréguas, tinha que cumprir ordens, no entanto virava costas constrangida pelo imprevisto da situação e pela forma acintosa como diariamente era chamada a intervir…
Nos seus relatórios, sempre referia o facto de que no local, apenas encontrava voluntários a trabalhar, sem desacato…
11 anos de amor e dor … que o Coração da Cidade abraçou com bravura…
Por isso neste momento, peço a Deus que consagre neste presidente uma invicta vontade de vencer as vontades menos correctas, que sempre tentam influenciar quem governa…
Os homens na Terra pensam-se acima de tudo e de todos e não entendem que há forças superiores que pugnam pela verdade e que com humildade conduzem os nossos destinos…
No inicio deste ano, ainda Rui Moreira não se mostrava como candidato e O Coração da Cidade, foi chamado à Câmara do Porto, para dar a sua opinião sobre a pobreza na cidade, mas de forma serena como sempre, o espírito que guia os meus passos, voltou o olhar para a vereadora da Câmara do Porto drª Guilhermina Rego, responsável pelo pelouro de acção social, e fez referência de forma concreta que Rui Moreira seria o novo Presidente da Câmara do Poro…a senhora olhou estupefacta pela revelação…
Saímos, fomos lá mais uma vez e daí nada mais soubemos…
Ainda hoje pergunto porque fui â Câmara do Porto…
Que Deus ajude este presidente a conservar a sua paixão pela cidade, que tem em tão alta escala, a pobreza e até a miséria que o governo central ignora e que quando informado tenta ignorar…uma cidade de gente honesta e batalhadora, que tem um número tão grande de desempregados…
Que este presidente saiba encontrar as soluções mais correctas para elevar a cidade do Porto ao seu lugar … invicta e laboriosa …
Seja bem vindo senhor presidente… O Coração da Cidade espera a sua visita…
o grande erro ao amar, é isolar-mo-nos sofregamente dentro desse amor...
quando o amor chega ele deve vir para dentro do nosso mundo, com tudo de bom que ele quiser...
então nós devemos amar partilhando...
nesse mesclar de emoções ninguém é de ninguém , ninguém detém a nossa exclusividade, assim como não queremos esse amor apenas para nós...
quando o amor começa a desfalecer, dá sinais de que vai morrer, mais dia menos dia...
mas a nossa alma não quer ver, não quer sentir, tem medo da solidão, da experiência que virá a seguir, do recomeço, da diferença ao amar... sim, porque todos os amores são diferentes e nós somos diferentes ao amar, todas as vezes e de cada vez...
então se nunca sairmos do nosso mundo e conseguirmos equilíbrio entre o nosso mundo e o nosso amor, se ele por um acaso morrer, nós continuaremos vivos...
e-nos permitido chorar, olhar bem fundo da alma e suspirar...
a seguir limpar as lágrimas e descobrir que o céu está no mesmo lugar, a chuva cai do mesmo jeito e o sol mantém a mesma chama...
elevemos o rosto e as mãos gritando para o Universo...
estou de novo pronta para uma nova lição de amor...
a cruz de quem trabalha... e encontra pela frente a dor do desemprego... a procura constante... as portas fechadas
a sensação de derrota...
a rotulagem dos amigos e dos familiares ... o olhar dos vizinhos ... o dia a dia sem resposta...
o medo de que este estado se prolongue e até pareça verdade...
eu afinal sou umdesempregado... mas ainda sou novo ... tenho só 42 anos... ainda sou novo para me reformar... mas dizem que já sou velho para me tomarem ao serviço... que hei-de fazer... o subsídio de desemprego está a terminar e não encontro solução...
tenho medo de um dia ter que mendigar ...
será que as pessoas sem abrigo começaram assim?
mas eu estudei... mas existem como eu outros que também estudaram e não encontram trabalho...
o que está a acontecer?
e se um dia eu fico sem casa?
nasci livre... não quero morrer escravo do medo de acordar com fome,
sem casa, sem remédio se estiver doente...
quero ser livre para sentir que liberdade é sinónimo de felicidade...
não quero ser indigente...
MAS AFINAL VOCÊ TEM FOME DE QUÊ? :
- TENHO FOME DE MIM ...
dos dias em que saía para trabalhar...
das tardes quando voltava de trabalhar... do banho que me tirava o cansaço ...
tenho fome da minha mesa com pão...
tenho fome dos meus filhos com sapatilhas novas...
tenho fome do cabelo da minha mulher solto e arranjado...
tenho fome de sentir no bolso uns trocados para tomar um café...
tenho fome da cerveja de Domingo...
tenho fome de comprar o jornal como todos os outros...
tenho fome de ter dinheiro no bolso para ajudar os amigos...
tenho fome de sorrir...
tenho fome de acreditar que Deus ainda vela por mim...
tenho fome de acreditar que ser Português vale a pena...
tenho ânsias de um Abril diferente ... um Abril sem fome...
segunda, terça, quarta e quinta feira, o nosso serviço de atendimento social, funciona das 10h às 18 h, para atender todos os seres humanos que precisam de ajuda...
se ainda não tem coragem de aparecer e quer informações ligue ... 910695697
no entanto mais do que lembrar a excelência da alimentação que todos nós deveríamos ter, continuamos a lembrar a necessidade do essencial, que neste sector continua a faltar em muitas mesas...
o panorama que conhecemos é português, muito embora saibamos que a nível mundial a escassez de alimentos é assustadora e que milhões de pessoas a cada dia que passa se somam mais seres humanos que nada têm para se alimentar...
em confronto com o armazenamento volumoso de bens e o desperdício de bens alimentares que a cada hora são colocados no lixo, a nossa alma dói porque não se consegue travar este flagelo de desperdício de recursos que deviam ser canalizados para a fatia de população mais frágil a nível económico...
ainda está tudo por fazer e consciencializar a população é a tarefa mais árdua de sempre...
o desperdício acontece a todos os níveis, nas empresas produtoras, nas grandes e pequenas superfícies alimentares, nas cadeias de transformação, mas também em nossas casas...
aproveitar os recursos que temos, não só é importante para a economia do lar, como também para a economia do planeta, estendendo essa economia a quem nada possui…
os esforços realizados são mínimos e as necessidades cada vez são mais…
os diferentes dados fornecidos pela FAO e por outras organizações mundiais, permitem uma leitura deficiente, porque infelizmente a situação é muito pior…
em Portugal, mais de 1 milhão de crianças e jovens em idade escolar, apenas se alimenta uma vez por dia, e mais de 1/3 da nossa população passa pelo mesmo sistema…
cerca de dois milhões de portugueses neste momento não têm possibilidades de se alimentar uma única vez…
os dados estão aí e não são divulgados para não criar alarmismo nem mal estar na população que ainda conserva um meio de se alimentar…
a união europeia não está convicta da forma como os bens que reúne são distribuídos e vai apresentando hipóteses de travar a ajuda alimentar ao país…
os governos sucessivos, deixam o problema da fome na mão da população mais solidária nomeadamente na mão das instituições de solidariedade, às quais presta apoio de forma muito escassa ou quase nula, como é o caso d’ O Coração da Cidade…
a austeridade não permite um maior acompanhamento dessas instituições e assim a degradação alimentar vai proliferando, sem programas adequados que lhe ponham termo…
não é com bancos alimentares, nem com promessas de salvação que a fome se extingue…
a fome se extingue com uma escolarização adequada, uma educação temperada de humanismo e uma formação contínua de todos os que estão implicados nos quadros governativos, para que não sobressaiam nos seus parcos raciocínios apenas números de rácio económico…
um ser humano não pode ser apenas um número nas estatísticas, um ser humano é uma pessoa que necessita de assistência a todos os níveis e a quem devemos oferecer o direito à sua dignidade como tal…
é impossível portanto falar do dia mundial da alimentação, sem falarmos de escassez, de fome, de indiferença de desumanização…
amanhã 17 de Outubro, se comemora o DIA MUNDIAL PARA A ERRADICAÇÃO DA POBREZA…
como vemos não adianta escamotear o assunto disfarçando a nossa incompetência, estruturada numa inoperância que não se justifica, num século com tanta e tão sofisticada informação…
Entre ideias e ideais, há uma diferença muito grande…mas as ideias não brotam se não estipularmos nossos ideais…
Sempre me habituei a traçar planos e a questionar os meus ideais, e com o tempo fui criando o hábito de acompanhar atentamente e de forma mais ou menos programada quem convive mais perto de mim…
Assim, vou de tempos a tempos, lançando para o ar a pergunta ( quais são os teus ideais ? ) … mas apercebi-me que quem está afastado da vida voluntária e nada faz pelo mundo que nos rodeia, parece não ter ideais…
Fui percebendo que as pessoas que se dedicam aos outros, sem nada querer em troca, idealizam o futuro de forma mais animada, mais positiva…fazem planos, e se os planos não acontecem como previam, dão a volta por cima com muito mais facilidade…
Entendi então que essas pessoas, amam com mais amplitude, o que de alguma forma as favorece, porque são mais alegres, e essa alegria transborda, seca as lágrimas rapidamente e não entram em depressão com tanta facilidade…
Percebo que amar com amplitude, não permite que caminhemos de olhos postos no chão, mas nos faz mais disponíveis, de tal sorte, que por vezes parecemos estar no meio da guerra, mas o tempo passa tão rápido, que não ouvimos o disparo de quem quer guerrear…
Amar com amplitude, é ser voluntário na vida, independentemente do cenário que se apresenta perante nós…
Tenho vivido momentos de paz inesperados, e tenho percebido que as pessoas que aparecem sem paz, são pessoas que não se movem, mas vivem em círculos, vincadamente pessoais, e por isso mesmo se desgastam e já não sabem como caminhar…
Os seus ideias deixaram de existir vai para muito tempo, e por isso mesmo perderam o hábito de criar ideias novas e conviver para elas é um sacrifício…quase sempre vivem tolhidas de medo e já têm medo de ter medo…vestem-se de uma ansiedade que não tem tamanho… deixaram de acreditar até nos amigos…
Tenho percebido que os seres humanos sem ideais, tem o corpo obedecendo ao calendário, mas fica-me a ideia de que o seu interior envelheceu de forma acelerada e sem pedir licença…
Amar com amplitude, é de facto a forma mais inteligente de vida, porque , se é dando que recebemos, então a máxima está dando mesmo certo, nós estamos mesmo recebendo em troca a energia de que dispomos…