um dia pedi à vida que me ajudasse... estava na hora do meu despertar...
necessitava de liberdade ... estava cansada ...
tinha ânsias de liberdade ...
e a minha alma rezou assim...
GAIOLA DOURADA
Minha gaiola dourada,
onde a chuva e o vento não penetram,
onde o barulho chega diluído e manso...
onde a fome não quer fazer descanso,
onde a desgraça não mora nem se esconde...
Gaiola dourada
dos meus sonhos conscientes,
de meus fugazes risos estridentes,
de meus deleites em orações constantes.
Onde bato as asas em voos palpitantes,
onde acordo e adormeço com música de fundo.,
onde a minha consciência almofadada
me guarda e me esconde do resto do mundo.
Gaiola dourada
onde tens a porta que eu fechei um dia?
onde ficam as grades que me dão a liberdade?...
Gaiola dourada
que envolves meu eu no meio da cidade,
onde a fome, o feio e o vício fazem ninho,
onde as aves de rapina de mansinho,
surpreendem os loucos, os bons e os fracos...
onde as asas se confundem com abraços,
na argamassa de um povo inquieto.
Gaiola dourada ...
liberta minhas asas e leva-me à procura,
daquele que ferido não se cura,
porque não tem apoio nem tem pão.
D null me a porta por onde eu vou partir,
em demanda de outros voos outras gentes
de memórias de antanho bem presentes,
de vontades agressivas e vorazes;
deixa-me abraçar aqueles mais audazes
que permanecem em vigília soluçada.
Eu tenho força eu tenho fé quero voar,
eu sou forte estou de pé e sei amar.
Quebra estas grades, gaiola de ilusão
e deixa-me alcançar o firmamento,
deixa que eu ouça a voz, o som do medo,
deixa que eu conheça do mundo o seu segredo,
onde ele guarda os sonhos ancestrais.
Deixa-me voar como os demais,
deixa-me viver junto dos meus
alcançando com eles o amor ....
Mas ...
Se p’ra voar tiver que ser com dor...
que seja de mãos dadas para Deus.
lasalete -1990
nesse dia Ele escutou-me
abriu minhas asas...
perdi o medo... juntamos as mãos e ele ensinou-me
a abraçar o mundo...
bendito seja esse dia...
lasalete ...