Cais da vida ...
Ai ... o cais da minha vida
que não sustem os meus ais,
sem perceber que ferida
estou só e nua no cais ...
Ai ... o cais da minha vida
que me leva a outros mais,
que vêm e vão de partida
rumando pelo mesmo cais...
Ai ... o cais da minha vida,
que está na mão desses tais,
sem solução para a vida
e que não visitam o cais...
Partem fragatas de vida
e sempre do mesmo cais
chegam com aves feridas
que largam penas aos ais...
Que não respeitam a vida
e gritam sonhos que tais
e juntam penas coloridas
aos montes no mesmo cais...
Porque o sonho enfeita a vida,
nos espaços ancestrais
à espera da despedida
há aves presas ao cais...
Que esperam a partida
em conjunto com os demais
trazendo a alma ferida
atormentada no cais...
Jogam o fio da vida
e lançando a rede aos tais,
que sem soluções p’ra vida
até evitam o cais...
Nas tramas da mesma vida
há aves novas no cais
sem perceberem ferida
a vida inerte no cais...
Na volta a vida segura
o fio que a torna mais,
um conto da outra vida
que outros contam no cais...
Todos juntos sempre somos
os sonhos que valem mais,
que as soluções já sem vida
que oferecem esses tais
que sem amor pela vida
não querem pisar o cais...
Ai o cais da minha vida,
voltei à vida e ao cais ...
Ai o cais da minha vida
que trouxe outros ao meu cais...
la salete - Novembro-2006