poema para o meu país ... POEMA
Quando a pobreza fala português...
Ajudem-me a parar se ainda é possível
segurem minhas velas, porque o vento
leva minha dor indivisível
que se recusa a anular meu sofrimento.
Requebrando meus anseios atrevidos
meus pesares quase a par de meus amores
vão dizendo, queira ou não que meus sentidos
já rasgam, dilaceram meus temores.
Se me jogam , se me usam , mal me importa.
que ironia, sou brinquedo deste tempo
mas se atendo por orgulho fecho a porta
entrando outra vez como tormento...
Ninguém gosta de mim, eu incomodo,
sou suja, sou severa e agressiva
perdoem-me não sei ser de outro modo.
apenas sirvo as ordens desta vida...
Chama por mim pelo nome que quiseres,
diz de mim aquilo que tu queiras,
mas não feches os olhos se puderes,
nem incutas em mim tuas maneiras
Não me culpes da morte quando matas
nem me culpes da fome que inventas
me baptizas dás-me um nome e me retractas
e ainda foges de mim quando me enfrentas...
Porque me deixas dominar os que dominas
porque não paras de vez de me empurrar
embora não assumas, que em ruínas
somos um rio que corre para o mar...
La salete
4 de outubro de 2003 .... 20.05 horas