negra esperança...
hoje chegaram às dezenas, representando centenas de filhos, de genros e velhinhos acamados.
divisei na maioria deles uma loucura absurda e assustados com a situação ,pareciam ignorar o que diz o país sobre a OPA mais cara, ou o jogador mais requisitado...
também não discutiam as páginas corde rosa, já que essa é uma cor que há muito tempo não faz parte do seu arco iris de vida .
ao olhar para todos eles, lembrei-me de alguém que gostaria de ter conhecido, alguém que como eu um dia disse :
- EU TIVE UM SONHO ... eu também tenho um sonho ,
o sonho de arrancar da miséria muita gente, OS ESCRAVOS MODERNOS, que vergados pelo peso de uma cultura política eivada de exacerbado personalismo e vocacionada em exlusivo para os mais da sociedade, já não sabem como defender a vida.. alheios a tudo e hávidos por levar os alimentos que lhes faziam falta, sacudiam frases soltas de lamento onde a tristeza transparecia mostrando o rosto gigante que já ninguém consegue ocultar.
e enquanto uns apoiam o sim e outros defendem o não e todos se desunham de uma matéria tão importante como a defesa da vida, eu , perplexa entre as famílias que tinha na minha frente tomei de repente contacto com mais de uma dezena de jovens mães, sem companheiro e com o ventre pulssando de vida... para algumas já não era o primeiro filho, mas nenhuma delas estava apoiada pelo planeamento familiar. Apenas uma, disse rápidamente ,que a médica lhe ia fazer a laqueação de trompas... mas lafou de forma tão rápida e tão simples que ao olhar a idade da jovem, fiquei atónita e perguntei:- LAQUEAÇÃO DE TROMPAS AOS VINTE ANOS ?
e assim nos constituimos escravos da vida moderna, que não tem tempo para ninguém nem capacidade para amar ao ponto de instruir.de pois de tudo lembrei-me dele ...
que pensaria se fosse vivo, ele que retirou da rua tantos meninos que não foram abortados, que a vida criou como os melros das árvores, soltos como pardais ... por aí.
hoje nesta cidade ribeirinha escutamos as gaivotas e olhamos os pombos que sobrevoam a avenida, ele procurava com o olhar no coração ,os pardais que a vida soltara por aí .
amigo ainda há pardais à solta e com fome e sem serenidade no olhar.
filhos de mães já gastas pelo tempo... mas pardais muito jovens com ninho prometido num bairro qualquer.lá...
onde Deus te colocou olha pela nossa cidade..,e já agora amigo, já não há jardim na sala de estar da nossa cidade...
onde se podem acolher os pardais?sem árvores, sem flores, fica tão negra a esperança...
lasalete