
Todos ouvimos, vezes sem conta, contar a história do gigante e do Golias ... mas nunca pensei inverter os termos e poder contar nova versão, dizendo e testemunhando, que neste caso o Golias é demasiado pequeno para derrubar o gigante...
perguntava-me há dias, alguém, porque o governo não tomava de vez, conta da pobreza, conferindo outro estatuto às instituições e chamando a si a responsabilidade de tantos pobres, já que na actualidade os novos pobres são culpa da gestão danosa dos sucessivos governos, porque estão a gerir mal os recursos que temos, dirigindo os proventos do estado para todas as comodidades possíveis, no sentido de acomodar o melhor possível quem tem algo de seu, esquecendo de forma brutal quem nada possui...
respondi, com toda a certeza da alma...
-os pigmeus que têm governado politicamente ao longo de várias gerações, ditadores ou democratas, são demasiado pequenos para conseguir derrubar o gigante que se chama pobreza...
Perguntava o interlocutor...
mas porque é que não se faz um pouco de cada vez? ...
- simplesmente porque não interessa, porque a pobreza parece ser a maior riqueza de todos os tempos… ninguém tem coragem, para dizer não aos lobbies que se degladiam com o tempo no sentido de usufruírem da força de trabalho dos mais pobres, ninguém tem coragem de travar os créditos sucessivos que empurram os que nada têm para gastos estranhíssimos que à partida sabemos que não se podem cumprir… mas pior do que tudo isto é preciso ter a coragem de:
· construir menos uma estrada e equipar as casas com água,
· investir menos na privatização de algumas empresas e entregar a luz tão necessária a algumas famílias …
· privar os gabinetes de algumas chefias de luxos excessivos e equipar as escolas e os hospitais com os recursos necessários…
· diminuir às ajudas de custo ministeriais e comprar leite e vacinas para crianças mais pobres…
· evitar a compra de viaturas que não são necessárias para os vários departamentos governamentais e lutar para que as crianças em idade escolar tenham transportes gratuitos…
· fazer menos jantares, por qualquer motivo que custam milhares de euros e levar às escolas leite e pão…
· poupar em publicidade governamental e entregar aos mais carenciados os livros necessários para se instruírem…
a pobreza é um monstro que só pode ser combatido com a força de quem ama os seres humanos e com eles palmilha o dia a dia sem deixar que interfiram interesses escusos que nada são senão mais uma possibilidade de entreter a vida para que a corrupção se estenda e encontre no mundo o lugar que tanto deseja…
os conflitos armados, as economias paralelas, a subserviência aos interesses económicos, continuam sendo as algemas mundiais que não permitam estabelecer um combate honesto e programado, profícuo e desinteressado…
enquanto isso os pobres continuam a viver cada vez com mais dificuldades e sem perspectivas de uma vida melhor…
os envolvimentos sindicais com forças paralelas de apoio governamental estabelecem tectos salariais e distorcem a força de um povo, vendendo votos com promessas que à partida sabem que nunca irão cumprir…
o desespero instalasse e a banalização da corrupção lado a lado com a banalização da desumanização, passeiam-se a coberto de algumas ideias religiosos que de vez enquanto vão fazendo a sua caridadezinha…
assim o monstro vai crescendo, quem o virá combater com a força transcendente que só o amor opera…
é preciso crescer com o mostro para entender os seus passos e lutar ao lado de quem nada possui…
neste combate não pode haver intervalos, porque a guerra é permanente…
lasalete