meu diário de dor e pranto...
ouço-lhe a voz...
uma voz cálida e dolorosamente envolvente...( povo que lavas no rio)...
cantava ... como ela cantava... chorava como ela chorava...
talvez como ela, ninguém consiga com tanta verdade na voz ,expressar a dor dum povo que diariamente se sente suspenso...
quer ditará a queda deste povo, magoado de tanto sofrer, calado a chorar constantemente, trémulo das indecisões que não lhe pertence...
assistindo a um cortejo vergonhoso onde os que mais possuem se passeiam pelas primeiras páginas dos jornais...
as empresas encerram todos os dias...
todos os dias centenas de lares sofrem pela inconstância da sua sobrevivência...
os portugueses queridos estão a partir um após outro e connosco fica o despotismo e a desfaçatez ...os poucos homens sérios que sobraram também irão... e nós ?... com quem ficaremos...
todos os dias somos assaltados por notícias de uma barbaridade execrável ...
para onde caminham os jovens...
que exemplos estamos a estender às crianças que já não passeiam indiferentes às notícias que se oferecem abertamente nas bancas de jornais...
se as manchetes oferecem nomes sonantes como espectáculos pouco saudáveis duma sociedade decadente... pertencentes ao JET7 do conflito e da promiscuidade... que país meu Deus que nada tem para oferecer a não ser drama e dor em tal proporção que chega a doer por dentro...
os centros de saúde estão replectos de almas em solidão ...
as urgências hospitalares não diminuem a sua afluência... pelo contrário têm mais gente aflita, somatizadas que foram as dores íntimas e as amarguras de toda a ordem ...
os tribunais afogam-se em processosl que perfeitamente se evitariam se a felicidade e a prosperidade estivessem ao alcance de todos e não só de um grupo ( impunemente falível ), mas que falha aos olhos de toda a gente...
as delegações de polícia estão pejadas de queixas que diariamente espelham a confusão e o desespero em que habita a população portuguesa...
quem escreve este diário de dor e pranto ...
quem mata a fome a esta gente que de todo o mundo veio procurar em terras lusas a prosperidade que está tão longe do alcance da maioria...
acudam a este povo que apenas lhe resta ... talhar com o seu machado as tábuas do seu caixão...
lasalete