Vamos vestir a Avenida...
Carta a um homem inteligente…
A quem se escreveria esta carta ?…
onde encontrar um homem inteligente, que vislumbre numa cidade sem alma , motivos suficientes para a recolocar na sua mais digna , invicta e nobre situação?...
Um homem inteligente é na realidade o que o Porto necessita…
A cidade parada, velha e ininteligentemente desertificada, dói a todo aquele que ama a sua cidade…
A cidade do Porto, sofre de paralisia , não tem músculo citadino, não tem sangue nas veias e os que na realidade poderiam lutar por ela estão com a cabeça muito cheia das suas preocupações particulares…
É necessário criar um movimento autónomo, sem princípios os colagens partidárias, um movimento do povo, onde todo aquele que ama o Porto se reveja…
Não adianta dizer que defendemos o Norte se afinal nos escondemos nos momentos mais sérios para não macular a nossa imagem social…
Aquele que tem medo de ser beliscado não presta para servir um movimento que retire o Porto da anormalidade em que está a mergulhar…
É difícil não perceber que estamos simplesmente esquecidos do resto da população e sendo o Porto a segunda cidade do país, não se justifica viver assim…
É necessário revitalizar o tecido urbano, com primazia e amor, deixando saltar para as ruas os pregões e colocando a funcionar em plena baixa as esplanadas que podemos perceber em outros países , tal qual acontecia na cidade por volta de 1940 ou 1950 onde era possível em plena Avenida da Liberdade , ver pares de namorados e casais que despreocupadamente passeavam tomando a sua cervejinha na Sá Reis e na Imperial…
Pela volta da meia noite também não era de estranhar beber o seu galãojinho no Embaixador e isto não vai há muito tempo atrás, estamos a falar de 1970…
Hoje a cidade parece um túmulo onde todos se ignoram, as luzes se apagam parecendo até que alguém, está fazendo um convite à solidão…
Os velhos que ainda habitam as casas que conservaram de pé sentem medo e tristeza por existirem paredes meias com tantas casas velhas, emparedadas com tijolo ou simplesmente abertas como depósitos de lixo…
Porque fizeram isto ao Porto, uma cidade tão bonita, tão carismática, que recebia tão bem…
Diversificar o espaço onde nos possamos deslocar com capacidade de sentir a cidade é a grande proposta …
Onde haverá um homem inteligente, que não se poupe a esforços e que dinamize de tal forma a cidade que todos se sintam felizes e com vontade de voltar a habitar dentro dela…
A Avenida necessita de ser recolocada no seu brilho anterior , plasmando no seu centro as flores e as grinaldas verdes que a ornavam tão bem…
O cimento no chão parece espelhar o interior de quem na realidade aprova tão estranho projecto paisagístico… dizem que foi um arquitecto famoso?... acredito que sim, mas olhando a Avenida dos Aliados estou em crer que a pessoa que a colocou assim, não sabe o que é brincar no chão, não ter mais nada para olhar e procurar um jardim, não sabe de certeza amar esta cidade que não é fácil de colocar fora do nosso coração…
Eu amo tanto a minha cidade…
Não sou arquitecta… sou apenas mulher… uma mulher simples… do povo e com alma de gente… mas vou ter o prazer de entrar na Avenida com um enorme tapete de retalhos , que personifique a cidade e os seus jardins, a cidade e as suas ruas velhinhas, retalhadas de mil cores, nuançes de muitas vidas solitárias e dolorosamente estraçalhadas pela modernidade……
Um tapete que atapetará a Avenida dos aliados e a Praça da Liberdade…
Já está em execução… para que cada um daqueles que ama a cidade possa segurá-lo e por momento mostrar como a cidade é sua e como é belo demais emprestar colorido a quem passa…
Mais de um kilometro de retalhos estão a ser confeccionados e esperamos que muitos braços humanos segurem essa manta que certamente ficará no Guinness com a urgência maior de colorir uma cidade…
Então pelo que vejo vamos precisar não de um homem inteligente, mas de muitos seres humanos inteligentes e pouco egoístas…
O Porto precisa de nós… vamos agasalhar o Porto… tal qual como a uma crianças que alguém despiu por ignorância…
o que era a Avenida dos aliados em tempos bem diferentes...
lasalete