Encurralado entre a crise económica e a bafienta subserviência europeia, Portugal, assustado, concordou com todas as decisões , não mediu esforços para se lançar de vez a cumprir escrupulosamente, talvez até com zelo demasiado, as directrizes económicas , que impôs em tudo e a todos, mesmo sabendo que estávamos a correr o risco de passarmos a ser sobreviventes no plano europeu…
Nem os bancos se salvaram…
Se era com esse fim, algum poder mais alto se levantou, que começaram a ruir, os pórticos ancestrais da economia portuguesa…
Sobraram para contar o descalabro, os desempregados, os mais pobres sem capacidade de sobrevivência, os endividados e os mais pobres de todos os pobres, os miseráveis, para quem ninguém se volta, tal o grau de dependência a que chegaram…
Todos os que podiam acudir à crise foram injectados com o medo do despedimento…
A função pública rompeu o cordão umbilical com a eternidade…
A classe política rompeu de vez o pacto com a vergonha e foi vendendo a alma a quem desse mais…
Os lugares no panteão prisional, foram ficando preenchidos, pese embora o argumento de que todos são presos com justa causa…
O super Aníbal, que até é presidente, não está para se maçar e a barquinha ficou à deriva…
Morto o patrimonioso orgulho português, restam-nos ainda as cores da bandeira e os bravos soldadinhos de chumbo, que vão fazendo algumas missões…
Para compensar os vistos Gold alguns portugueses se espalham pelo mundo para justificarem a sua infindável capacidade de sobreviver dentro dum quadro de guerra económica…
Cadaverizado que está o território, resta-nos ainda a esperança em ver PORTUGAL RESSUSCITADO…
Será que pode acontecer ?… pode sim…
Apenas por um motivo… é que Portugal somos nós…
E a alma dum povo jamais morrerá…
Então levantemo-nos deste gelo tumular e vamos em conjunto RESSUSCITAR PORTUGAL…
Debaixo de todas as pressões, o Cristo sobe à cruz mais uma vez…
Será para lhe lembrar-mos que ainda precisa de morrer, porque o expurgo de todos os pecados ainda não aconteceu, ou porque o ser humano ainda não tomou verdadeiramente sobre os seus ombros a responsabilidade de suas atitudes?...
Vá-se lá saber porquê, mas a cruz faz parte do mais secreto padecer da humanidade e da mais estranha forma de evolução…
Mas, mesmo que o conhecimento espiritual, esteja a oferecer mil formas de libertação, o jugo religioso, tem que permanecer no quotidiano, com sofrimentos e oferendas a um Deus que no entendimento de muitos, mantém a humanidade com rédea curta…
Os parâmetros crísticos, hoje em dia são de iluminativa ascendência…
Os propositados requiens de outrora, já não servem a ninguém, mas o medo continua a enlutar os raciocínios…
E eu continuo a perguntar:
-que prazer existe em manter o Cristo na cruz ?…
-que prazer existe em manter um amigo dentro de uma imagem tão dolorosa ?
- que Cristo seria este, que nos falou de liberdade e nos manteria presos a tanto sofrimento e dor?...
- que sentido faria então o CRISTO CONSOLADOR?...
Sejamos pois mais racionais e de uma vez por todas, vamos despir o medo dum Deus castigador, dum Deus implacável…
Deus é Amor, Deus é sublimação…
Jesus o médium de Deus, veio em nome do amor, silenciou em nome do amor, sofreu em nome do amor e iluminou-se, iluminando-nos em nome do amor…
Sejamos pois mais doces, mais capazes de fazer-mos o que Ele nos pediu…
Que nos amasse-mos uns aos outros, como Ele nos amou…
Façamos então essa Páscoa dentro de nós…
esse êxodo do homem velho para o homem novo, renovado e fortalecido, pelo abraço do CRISTO ILUMINADO …
sempre que Abril aparece, nos lembramos da revolução…
sempre que precisamos que ouçam a nossa voz, nos lembramos da revolução…
mas, quando tudo está bem para nós, a revolução está dobrada embrulhada a um canto, para voltar a sair em Abril talvez pela data que a lembra de forma cada vez mais desbotada…
porém, Abril representa todos e cada um dos meses do ano…
Abril deve representar cada um de nós e todas as nossas necessidades, cada vez mais esquecidas da maioria e até de nós mesmos…
com o tempo, fomo-nos tornando em seres humanos menos exigentes connosco…
fomo-nos adaptando ao faz de conta, ao deixa correr, ao não vale a pena e tudo desmoronou…
deixamos de renovar as nossas espectativas, deixamos de rejuvenescer a mente…
parecemos gente com muitos anos, com cara do século passado a contar sempre as mesmas histórias, a viver sempre no mesmo sítio e já nem amamos com capacidade de dar mais…
enfim, cada um de nós parece mais do mesmo…
está na hora de nos melhorarmos…
de exigirmos para cada um de nós, outras cores interiores…
cores mais vivas e mais deslumbrantes…
a humanidade está a exigir qualidade, quantidade e rapidez, para que não se transforme num campo de concentração de sonhos, onde deixamos amortalhados a cada dia que passa os nossos ideais…
vamos plantar dentro de nós mais cravos …cravos de todas as cores…
porque as armas já não fazem sentido, já nos podemos entender pelas palavras…
nem tão pouco falemos de Páscoa se não nos libertarmos do cativeiro onde a alma nos coloca...
a quem adianta as promessas, as via-sacras, as procissões dos passos do Cristo?...os vestes de púrpura ... e os arroxeados dos altares...
a quem tentamos enganar, entretanto, a ELE?...
podemos enganar os homens, mas não podemos enganar a Cristo...
a semana santa, só faz sentido se oferecermos o melhor de nós aos outros, se entregarmos aos outros a nossa atenção, para lhes devolvermos a paz ao coração e o brilho ao seu olhar...
a Páscoa só faz sentido, se fugirmos de dentro de nós, desse recinto mofado que está perfurado de recados, que Deus envia e que jamais serão lidos enquanto formos egoístas...
nós somos mais humanos, se deixarmos os mortos enterrarem os mortos, se nos amarmos uns aos outros como Ele nos amou, se ajudarmos a vida dos outros como lhe fez o Cireneu amoroso,
se enxugarmos as lágrimas de sofrimento do próximo
como fez Verónica...
e se por fim soubermos com amor infinito, descermos os mais sofridos da cruz que a indiferença e a ganância do mundo levantou para os mais frágeis...
aí sim, a Páscoa faz sentido ...
façamos então vias-sacras de flores de amor e carinho, porque de sofrimento já basta ...
embelezemos a vida de solidariedade e paz... foi isso que Jesus pediu...
dos minutos de espera que os mantém embrulhados no frio e na dor da inclemência…
apanham as presas quando elas quase exaustas, vão tacteando o chão para ir beber à esperança…
percebem que estão enfermas… exangues…
sabem que estão com fome…
furam-lhes os olhos com torturas alucinantes de comédia barata…
absurdamente, os mais frágeis se deixam entontecer…
e na alta comédia humana, os chacais e os abutres usam fato e gravata…
passeiam-se em carros topo de gama, até dizem que estudaram e querem cargos que lhes garantam mais tarde, reformas chorudas, na possibilidade de eterna vampirização daqueles que continuam a sangrar para um cálice sem fundo a que chamam país…
os chacais abundam por aí…
eles sabem onde encontrar as vítimas…
homens , mulheres e crianças, velhos e novos, tudo serve para o repasto da realeza sanguinolenta, onde se banqueteiam os que levaram tudo e não deixaram nada…
no fundo todos sabiam, que se estava a rapar o fundo…
hoje dizem que têm a pança cheia…
arrotam a vitória…
é exactamente o que fazem os chacais…
morrem dentro e enrolados com as suas próprias vísceras…
este é o mundo horrendo dos humanos, que apenas se sustenta, porque a indiferença dum povo os alimenta…
lembra com um certo brilho no olhar o esforço dos progenitores, para que ela estudasse , se formasse e depois estivesse bem colocada, com uma boa profissão e se possível um bom cargo de chefia…
até à formação eles ainda conseguiram…
mas depois, foi bem difícil…
a profissão nunca foi a que ela que sonhava…
seu amor pela investigação preenchia e creio que ainda preenche o seu coração…
mas o cargo alto que os pais esperavam para el, muito menos…
caiu desamparada após a morte dos pais…
pode dizer-se que ficou só no mundo…
pode dizer-se que o mundo ficou com ela de vez enquanto…
também podemos confirmar que a profissão que mais dinheiro lhe entregou, não era bem a que ela escolheu…
então ela, era uma menina estudada, com capacidades únicas, e neste momento nas mãos da mais velha profissão do mundo ?...
ninguém imagina que assim seja…
que voltas que a vida dá…
quem mundo este, que não tem espaço para mais um…
um de cada vez… um que sempre sonhou… para mais um que gostaria de passar seus dias num laboratório de pesquisa…
hoje longe dos livros, cansada e destruída, sem nada para fazer durante o dia, espera a noite para trabalhar, nas emoções das sombras …
mas com muita nostalgia à mistura, quando lhe pergunto, quando muda de actividade, diz: eu trabalho , SEMPRE QUE O AMOR ME QUISER…
e a vida está assim… num mundo difícil… frequentada por gente que ao dizer-se adulta não percebe como alimenta a sua demência infantil, contratando vítimas, que não têm coragem de cortar as algemas…
e então perguntamos: QUE TEM O AMOR A VER COM TUDO ISTO ?...
Mas com mais ou menos conhecimento, a grande maioria das pessoas não sabe identifica-la, nem se sabe achar dentro dum quadro de solidão…
Solidão não é estar só… é estar sozinho, dentro da sua própria alma…
A solidão é uma loucura momentânea, que não nos permite andar pelos meandros da paz e da felicidade, onde se passeiam os demais…
E de tal forma se desenha essa loucura, que funcionamos como se fossemos trôpegos, quase paralíticos às vezes, incapazes de andar pelos próprios pés…tão certo o que eu digo, que a solidão por vezes nos paralisa…
Ficamos, quedos, firmes e hirtos…
Parece que as palavras não chegam sequer, para articularmos pensamentos…
Damos connosco a ensurdecer…
E o pensamento, se cruza com muitos silêncios difíceis de entender…
E aparece o medo de ficar só, ou a solidão já dentro do medo nos assusta, o que vai empurrar muita gente, para fazer as suas escolhas erradas…
Escolhas erradas, que depois não se podem apagar, como quem passa uma borracha num texto que se quer simplesmente destruir para ninguém ler…
Mas a solidão que mais fere, é a solidão acompanhada, por silêncios ósseos, suspiros, lentos tremores, risos ou sorrisos, vozes sussurradas, que denunciam a presença humana, mas fora do nosso labirinto emocional onde está esculpida a nossa solidão…
Hoje em dia, são inúmeros os casos de solidão, que se manifestam em pedidos contínuos de auxílio…de tal forma, que as lágrimas brotam, na vez das palavras…
Considero a solidão uma brutalidade, quando podíamos estar mais juntos do que nunca para podermos ultrapassar todas as crises do mundo, que se veste de egoísmo e se passeia disfarçadamente de cristão bem-aventurado…
Resolver-se-iam muitos suicídios… porque o suicídio não passa duma crise violentíssima de solidão, que ninguém detectou a tempo…
Estejamos mais atentos a quem nos rodeiam para evitarmos a solidão suicida…
EDUCAÇÃO CIVICA , não passa apenas por não deitar-mos papeis ao chão...por sermos atentamente ecológicos... há ainda um longo caminho a percorrer na direção de todos os outros.. a maioria dos cidadãos, pensa, erradamente, que a cidade está por conta do Presidente da Câmara, e de todo e elenco de executivos, que laboram no domínio autárquico...engano nosso... todos somos responsáveis por todos...... devemos por isso estar com mais atenção, a tudo o que nos rodeia... observa: se não podes ajudar, vê quem pode... informa-te, de quem na realidade ajuda...onde se ajuda e que tipo de ajuda prestam as instituições da cidade... e quando passares na rua, informa aqueles que passam visivelmente mais desfavorecidos...e faz o teu encaminhamento... anota os números de emergência social... isso também vai obrigar, a que as instituições, comecem a cuidar das suas tarefas com mais e maior cuidado... são os cidadãos que pela sua insistência, obrigam os organismos a organizarem-se melhor... faz a tua parte... não deixes ninguém à deriva ... os humanos menos favorecidos não são esculturas de pedra dispersas na paisagem... eles precisam da atenção de todos nós...
EXECUTORES DO DESTINO ou facilitadores do karma... sempre que passas por alguém com fome, com frio ou com dor... sempre que alguém cruza a tua vida, em situação de rotura emocional... de cada vez que diante de ti aparecer alguém, precisando de ajuda, tu nem imaginas o que a vida te está a enviar... se não socorres, tu és o responsável pelo prolongamento da dor daquele ser...... apenas porque decidiste que ela se iria prolongar... aquele momento era apenas teu... estás diante de uma prova e não a venceste... por isso pensemos... as dores dos outros podem ser as nossas dores... está na hora de cada um de nós, refletir e começar uma etapa de amadurecimento espiritual... a religiosidade e a espiritualidade são coisas diferentes... as religiões não são responsáveis por ti, mas tu és responsável pela tua espiritualidade... cada um de nós, mesmo que não queira, está implicado na execução das dores dos outros...... ainda há tanto para entender, na construção humana...
creio, que nem todas as pessoas compreenderam o que aconteceu na alma de quem, de forma brutal, se viu de um momento para o outro proibida de viver...
e obrigada a vestir-se às riscas…
não sei se alguma vez, vamos conseguir classificar este acto hediondo...
porque, nem a raça, nem a religião, nem o DNA de alguém, justifica semelhante atrocidade...
resta-me apenas pensar que durante esse tempo, o mundo ficou nas mãos de seres perfeitamente anormais, espíritos perturbados e perturbadores, que tinham com as trevas um pacto infernal...
mesmo como reencarnacionista, me custa a aceitar que fossem exterminados milhões de pessoas e continuadamente, sem que para tanto existisse um grupo de seres sobre a Terra que parassem esse holocausto...
o mesmo pergunto hoje, como é possível, que estejamos a ver morrer milhões de pessoas à fome, num extermínio lento, dolorosíssimo e não façamos nada, camuflando esses horrores com cenas agradáveis, momentos aprazíveis e parangonas jornalísticas que parecem orquestradas exactamente para que não se pense a sério, nos horrores, que hoje em dia de forma mais elaborada, se cometem por aí...
se há 70 anos atrás as notícias custavam a chegar, hoje estamos assistindo à morte em directo e nada fazemos…
medimos o tempo da morte, o som da dor…
hoje traçamos as riscas da vida de forma mais programada, mas disfarçamos…
uns vão rezar, outros viram o rosto…
são muito poucos os que dão as mãos para libertar…
só quando do plano terreno, forem afastados, os ditadores, os bizarros governantes que existem por aí, os déspotas da história, que grava a ferro e fogo os sentimentos humanos, aí sim, talvez de verdade, mudemos a cor das riscas da vida…
a vida a preto e branco, dói muito…
se me perguntassem o que queria neste momento, eu respondo…
TER PERMANECI COM ELES ATÉ AO FIM…
Peço perdão, por não viver nesse tempo…cheguei já no fim da guerra…