solidão... (poema )
solidão... que vestes os poemas dos que amam
que sopras e susurras os ventos da saudade
que visitas a razão a horas quase mortas
no ventre da multidão ... até à eternidade...
solidão... solidão...
companheira dos ais que ninguém quer,
virgem de todos os dias vestida de mulher ,
lágrimas soltas sem rumo ou endereço...
solidão... solidão...
de amores que nunca tive nem conheço...
solidão... parceira ... cineasta
que inventas sorrisos em forma de ilusão,
que não mentes , nem dizes a verdade
neste circo onde apenas se transforma o coração...
solidão... dos dias de venturas,
das datas que marcam calendários que vivi,
solidão ... das minhas aventuras,
das penas, dos sonhos, das lonjuras,
dos sinos das aldeias
dos lugares onde vivi...
solidão.., menina, mulher, mãe ,
solidão... noiva, amante, freira, louca,
solidão ... quase anjo, quase céu,
que mata, que a quase ninguém poupa...
solidão, solidão, solidão ...
oh ! ... solidão...
que mentes, que vestes de gala os solitários,
que os colocas com prazer nos teus horários,
e depois lhes dás a cama dura e fria...
que lhes mostras o céu, o inferno e agonia...
que lhes dizes, quando e como dominas ... solidão...
e do alto com dureza... soberana desafias
aqueles que estão sós perante a multidão...
faz um banquete de lágrimas sem fim,
põe flores nas jarras, grinaldas de jasmim,
pinta um arco íris e deixa escorrer
as cores mais violáceas p´ra eu ver,
pendura nele cornucópias e enfeita o coração,
limpa os olhos de água de toda a humanidade,
mas parte ... parte ... parte solidão...
parte que não deixas nas almas a saudade...
parte solidão...
lasalete... 17 Dezembro 2007 ... ( 7,30 h)