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Crónicas d'O Coração da Cidade

a instituição que o povo do Porto elegeu para si ...

Crónicas d'O Coração da Cidade

a instituição que o povo do Porto elegeu para si ...

MOMENTOS DE SOLIDÃO/ SUICIDA

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Todos falamos de solidão…

Mas com mais ou menos conhecimento, a grande maioria das pessoas não sabe identifica-la, nem se sabe achar dentro dum quadro de solidão…

Solidão não é estar só… é estar sozinho, dentro da sua própria alma…

A solidão é uma loucura momentânea, que não nos permite andar pelos meandros da paz e da felicidade, onde se passeiam os demais…

E de tal forma se desenha essa loucura, que funcionamos como se fossemos trôpegos, quase paralíticos às vezes, incapazes de andar pelos próprios pés…tão certo o que eu digo, que a solidão por vezes nos paralisa…

Ficamos, quedos, firmes e hirtos…

Parece que as palavras não chegam sequer, para articularmos pensamentos…

Damos connosco a ensurdecer…

E o pensamento, se cruza com muitos silêncios difíceis de entender…

E aparece o medo de ficar só, ou a solidão já dentro do medo nos assusta, o que vai empurrar muita gente, para fazer as suas escolhas erradas…

Escolhas erradas, que depois não se podem apagar, como quem passa uma borracha num texto que se quer simplesmente destruir para ninguém ler…

Mas a solidão que mais fere, é a solidão acompanhada, por silêncios ósseos, suspiros, lentos tremores, risos ou sorrisos, vozes sussurradas, que denunciam a presença humana, mas fora do nosso labirinto emocional onde está esculpida a nossa solidão…

Hoje em dia, são inúmeros os casos de solidão, que se manifestam em pedidos contínuos de auxílio…de tal forma, que as lágrimas brotam, na vez das palavras…

Considero a solidão uma brutalidade, quando podíamos estar mais juntos do que nunca para podermos ultrapassar todas as crises do mundo, que se veste de egoísmo e se passeia disfarçadamente de cristão bem-aventurado…

 

Resolver-se-iam muitos suicídios… porque o suicídio não passa duma crise violentíssima de solidão, que ninguém detectou a tempo…

 

Estejamos mais atentos a quem nos rodeiam para evitarmos a solidão suicida…

 

Lasalete piedade

ajudar é como amar... é uma arte...

 

num momento em  que a comunicação é tão fácil, em que as novas tecnologias nunca deixam de nos surpreender  tal a rapidez com que se manifestam... mas ainda ficamos surpresos quando percebemos que existem seres humanos em perfeita solidão...

 

a visibilidade que a comunicação social empresta ao crime e nomeadamente ao crime organizado, deveria ser mais bem utilizada se apoiasse de forma intensa e informativa as ajudas que estão ao alcance de quem necessita de apoio...

 

muita gente não come, porque não tem capacidade de se informar das situações que nos planos da boa vontade vão acontecendo um pouco por toda a parte...

 

quando O Coração da Cidade em 2006, criou o Programa VER - vidas em risco,  foi a pensar nestas pessoas que não têm tido coragem para se orientarem no mundo das instituições...

 

é por elas que O Coração da Cidade alerta, para que não fiquem em casa, venham até nós e não tem que receber esmola... trabalham com os voluntários e têm acesso ao mercado social para que aí possam fazer as suas compras...

 

neste momento já estão a começar a aparecer casais com mais dificuldade, pois estão os dois sem emprego...

 

as medidas governamentais têm que ser céleres e devem ser aplicadas junto das instituições que estão no terreno das necessidades e já vão conhecendo as pessoas…

 

os meios que temos ao nosso alcance não nasceram ontem...

 

é necessário saber como privar com quem tem necessidade de ajuda...

 

é necessário fazer com estas pessoas continuem autónomas e não passem a receber os sacos de alimentação, mas continuem no seu habitual despertar para sair de casa, trabalhem ainda que sejam poucas horas, façam as suas compras e não de desabituem de o fazer, para que não esbarrem de vez com a depressão...

 

temos que ajudar o nosso país sem pão, para que não perca a auto-estima…

 

estamos a entender como se portam as pessoas quando são estranguladas durante muito tempo… um dia a tampo salta…

 

é necessário agir com prudência e travar a sofreguidão daqueles que deliram fazer caridadezinha...

 

ajudar é muito difícil... ajudar é como amar... é uma arte...

 

 

lasalete

 

ao alcance da nossa mão...

 

é só estender a mão e o tempo fará perceber que o Natal está aí...

 

ao nosso alcance... o estender a mão aos outros e a nítida percepção de que afinal a pobreza da emoção grita mais alto que a pobreza material...

 

neste noite todas as pobrezas se misturam...

no ar um mesclado de religiosidade e folclore estranho que denuncia a complicada arte de sermos almas de  gente de todas os países ...

 

sente-se que ainda ninguém entende muito bem a cumplicidade entre todos nós, fazendo coisas que toda a gente faz, sem que para isso mesmo tenhamos sido convocados para um ensaio prévio...

 

e o Natal continua ao alcance da nossa mão... os mais solidários aportam às instituições e fazem o seu amoroso papel de fadas madrinhas da solidão não programada... e Deus observa o homem a dar o melhor de si próprio administrando emoções que reserva muitas vezes para o mês de Natal...

 

a solidão então se veste de grande senhora denunciando programas de vida velhos e austeros, com lágrimas à mistura e desvarios de toda a ordem que já não enganam ninguém... onde está a humanização? ... por aí ...

 o tempo a enviará mais e mais até que o cheirinho a canela afaste a ideia de que alguém precisa...

 

o amor está portanto no ar e no Coração da Cidade não poderia ser diferente...

os mais pobres dos mais pobres continuam a visitar o nosso Coração e a vida continua normalzinha...

 

agora este ano a crise também visitou alguns dos mais generosos...

 

mas, tudo esetá apostos para que na noite de 24 de Dezembro e na noite de 25 de Dezembro o Coração da Cidade bata mais forte com todos aqueles que lhe sobem ao regaço para aí fazerem a sua festa de Natal...

 

estamos quase lá ... se ainda pretende estar com os mais carenciados pode visitar o Coração e abraçar esta ideia... estar com os mais desvalidos numa noite que se quer e se afirma ser da família...

nesta família que se chama humanidade eles transitam anónimos na esperança de que nós os chamemos pelo nome...

 

a distribuição às famílias mais carenciadas está preparada para 4 dias de distribuição... onde todos os alimentos desta quadra estarão prontos para preencher as mesas de todos os que até então se pensavam sós...

 

mais uma vez o amor de pende de um gesto... porque não, apaixonar-se por aqueles que têm tão pouco e que tanto precisam de nós...

 

venha colaborar com o mundo no Coração da Cidade ou em outra instituição qualquer, mas não deixe de respirar humanização... tudo está como sempre ao alcance da nossa mão...

 

um abraço do tamanho do mundo para si...

 

lasalete

 

 

magusto solidário...

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subordinado ao tema :castanhas...fado...poetas...

 

O amor , o fado e a poesia...

os componentes necessários para fazer da noite de 28 de Novembro uma noite solidária, onde a alma do povo nortenho e não só, dá as mãos para ajudar O Coração da Cidade...

 

sempre que é necessário ajudar, a solidariedade reúne muitos corações...

 

assim num magusto solidário, onde a degustação de alguns pratos regionais, confeccionadas pelos voluntários do Coração da Cidade farão as delícias dos convidados, nós estaremos com algumas vozes do norte e o fado e a poesia serão uma constante...

 

amar por amar é fácil de mais...

amar à moda do norte ... é sempre amar por demais...

 

se por acaso quer associar-se à nossa causa é só marcar lugar ...

 

na alma de toda a gente, está a alma dum povo que somos nós ... e que se quer mais do que  nunca, unido e solidário...

 

venha até nós ...

 

com carinho... lasalete

ser poeta... (poema)

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Ser poeta…
 
ser poeta... é dar cor à dor maduramente,
é beijar a brisa, com palavras de magia
é bendizer por amor, o amor … querer ser gente
é viver à luz da  lua todo o dia...
 
é penetrar o todo descontente,
e acordar os sons da madrugada,
é de tudo e nada falar simplesmente,
é amar simplesmente tudo e nada...
 
é abrir na alma a lava  incandescente,
deitar fogo às palavras sem pensar,
acordar os deuses, torná-los quase gente
que sonha, que sofre, por amar...
 
é exigir do Universo o meu presente,
sem permitir ao passado a interferência,
é perguntar ao futuro, que  ainda ausente,
se me espera ansioso em minha essência...
 
ser poeta...  é ser livre e ter correntes
é quebrar o temor mantendo a calma,
é lançar a mil vozes descontentes
o poder que há no centro duma alma…
 
ser poeta ... sem querer é ser flor, ser ave …
borboleta, ser Lua, ser o Sol ou coisa assim,
é andar de baile em baile em tom suave
e bordar com  lágrimas o rosto de arlequim …
 
ser poeta ... é estar loucamente apaixonado
é sentir o real e o irreal parindo a dor,
é ter no mundo o coração todo quebrado,
segurá-lo e  curá-lo, com letras só de  amor…
 
ser poeta é ser matriz , nascer de novo,
quando  a alma  quer ser livre e vive a medo…
é trazer o grão às searas dum só povo
e guardar no coração o seu segredo…
 
ser poeta, é ter junto de nós  a mão de Deus
fazer brilhar uma luz anulando a escuridão
é nunca  por nunca, conseguir   dizer adeus
e repartir pelos demais o coração…
 
lasalete … 23-8-08 ( coisas do fundo da alma)

 

dentro do silêncio... ( poema)

 

dentro do silêncio, há um quê que sabe a solidão...

uma denúncia velada que fala de tudo,de todos e de ninguém,

um misto de fraqueza e de coragem

e uma certeza de que só Deus

tem de verdade a chave do nosso coração..

 

dentro do silêncio se embriagam os sentidos

com uma vontade mórbida de os arrebatar de dentro de nós

tornando a nossa paz o único paraíso

onde sofrega e serenamente  desejamos estar...

sem máscara ... sem dons... apenas o nosso eu para embalar...

 

dentro do silêncio existem músicas que só o vento toca para nós

e que somente a nossa alma consegue escutar ...

porque o silêncio tem a nossa voz e sabe como saciar-nos

esvazia os sons que não sabem a melodia

e oferece diálogos que só habitam na nossa imaginação...

 

dentro do silêncio erguem-se montanhas

que  nós sabemos intransponíveis

e tão altas que nos dão a certeza

de não estarem ao nosso alcance...

existem mares navegados por rostos estranhos

que marginam o nosso querer

e denunciam agressão à nossa intimidade...

 

dentro do silêncio existe a noite que ninguém acorda

e que nos tenta justificar os fracassos...

a noite de amores que nunca viveremos

e  luas de madrugada que nunca soubemos entender..,

mãos peregrinas que não sabem onde moramos

sentimentos misturados com lágrimas de dor...

sonhos que assustam a nossa pálida existência...

 

dentro do silêncio também se escrevem orações

para os deuses que não são de religião alguma,

para os orixás em que não acreditamos...

e dentro desse silêncio ardem velas

de promessas que dificilmente conseguiremos cumprir...

os nossos joelhos doem por rolarem no chão

na procura de outros silêncios que sangram em paralela união...

 

dentro do silêncio há gritos abafados

que se assemelham aos nossos gritos,

blocos de gelo que chocam de frente com o nosso ardor...

que esbarram com a nossa emoção

e tentam colar-se à nossa alma

tentando adivinhar onde mora o nosso querer...

 

dentro do silêncio há pedaços de céu

com nuvens votivas tecidas de encanto

esperando que  dentro delas plantemos flores...

estão prenhas de sons de maresia

onde elas também bebem e choram o nosso sofrimento...

 

dentro do silêncio as areias da praia

formam conchas de ilusão a que chamam beijos de mar...

o quente do sol oferece um brilho que confunde a magia do silêncio

mas que termina pela noite com o conforto sem pensar...

devolvendo ao silêncio a solidão timidamente,

com gelo tumular dos gritos surdos ao amar... 

 

dentro do silêncio onde mora o amor

onde mora a magia do acontecer

onde mora também a vontade de viver ,

dentro do silêncio onde quase tudo se pode esconder...

há uma fonte de saudade onde as lágrimas se podem disfarçar...

 

dentro do silêncio de cada alma que sente e se faz sentir

há mãos que se entrelaçam há gestos que se alongam no olhar

porque os sons são proibidos e não se podem usar...

há mais silêncios dentro do silêncio

com palavras que não se podem pronunciar...

em maior silêncio que  os silêncios que se possam imaginar...

 

dentro do silêncio só cada um pode morar

dentro do silêncio só cada um pode existir e penetrar...

dentro do silêncio cada um guarda segredos que nunca irá revelar...

dentro do silêncio há um canto para descansar

um quarto escuro onde as lembranças vão para sonhar

onde  uma luz  cor de  fogo  indescritivel

ilumina de forma  irresistivel  o verbo para  amar...

 

 

lasalete ... 18-8-08 ... ( coisas do fundo da minha alma)

 

carinho em tamanho xxl...

 

 

 

 

 

 

 

quem vai cuidar de nós?

 

o nosso amigo vai à capital...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

há uns dias atrás disse que falaria aqui neste espaço duma pessoa ... e ele perguntou-me : - falou de mim no blog........... não disse-lhe eu...

mas hoje é exactamente dele que eu vou falar...

 

basta dizer que adora animais... cães e gatos de preferência ... é amoroso e abre todos os dias a Porta do Coração da Cidade... é um voluntário para vestir tamanho xxl e o seu coração tem o mesmo tamanho...

 

pois é... este nosso voluntário há cerca de 4 anos atrás ninguém lhe falasse do Coração da Cidade e nem em ajudar ninguém que ele não estava virado para essas coisas... como ele dizia...

 

a sua esposa já era nossa voluntária e um dia ele apareceu por lá ... entrou e nunca mais se separou de nós...

 

hoje ninguém dispensa o Correia e nem precisamos de lhe pedir seja o que for que ele está sempre pronto... não se melindra com nada nem com ninguém...

 

mas o passatempo preferido do nosso Correia são os gatinhos do Coração da Cidade que percebendo a dedicação deste amigo que ama em tamanho gigante estes pequeninos bichinhos, resolveram multiplicar a turma do miau-miau e de um passamos a dividir o espaço com uns 7 gatinhos que andam sempre atrás do nosso amigo e vice versa...

 

a dedicação deste amigo chega a comover... não conseguiu salvar a última ninhada que alimentou a biberão, mas lá ficaram os outros gatinhos que felizes lá estão pela manhã à espera que o Correia abra a porta para lhes dar de comer...

 

no Coração da Cidade muita coisa se passa sem que alguém perceba... é um pequeno paraíso onde Deus nos dá a oportunidade conhecer pessoas boas que todos os dias nos ajudam a conhecer na vida factos que são interpretados por pessoas que não precisam de nenhuma religião ou filosofia para espelhar e espalhar a maravilhosa mensagem do Cristo...

 

amanhã o nosso Correia vai dar um passeio bem merecido até à capital para ver o oceanário... para ele um óptimo passeio que ele bem merece...

 

 

e o Correia só cá está na terça feira .....................  que remédio...

 

pelo menos podia ter levado um de nós para o passeio...

 

mas ele ia tão feliz... que se divirta... bom passeio amigão ... miauuuuuuuuuuuuuuu

 

 

lasalete

tempos da alma... ( poema)

 

sempre se repetem para mim as Primaveras

e vestem-se as aves como Orfeu...

as flores se oferecem viçosas e sinceras

e o segredo do vento é só meu ...

 

sem que ninguém proposite  a chuva cai

anunciando boas novas em botão

e feliz  de minha alma solto um ai

que me diz que está feliz o coração...

 

apenas pela feliz coincidência de existir

eu louvo e penetro em minha vida bem mais fundo

e nos mistérios que esta verdade me descerra

eu vivo, sentindo assim melhor o mundo...

 

não sei se quereria ser diferente

nem sei se me pertence a vida que há em mim

mas,  encosto-me expectante e a pensar

" que prova dura Senhor que não tem fim?"...

 

deixo-me conduzir lentamente qual regato

simples e tranquilo rumo ao mar

e os  meus braços se diluem noutros braços

apenas para  descobrir que sei amar...

 

se amar tanto assim é proibido

se é pecado querer tanto Santo Deus

que fazer então Senhor dos meus sentidos

que fazer então dos sonhos meus...

 

existem em mim, mais flores, mais primaveras

que a idade não queima  e louca põe em flor

com perfumes e cores bem mais severas

mostrando como é doce o meu amor...

 

afinal os poetas nem tudo vercejaram

esquecendo o Verão de meus sentidos

percebendo o incómodo calaram

a expressão real em meus ouvidos...

 

falaram do Outono, do verde e da magia,

mas o amor, tem mais cores por descobir

tem verdes de dor e azuis de fantasia

e tem tons com nomes de prazer p'ra colorir...

 

no Inverno da vida ainda p'ra viver

eu quero ser eu mesma e ser mais calma

num registo singular sem me esquecer

dos tempos mais felizes de minh'alma...

 

 

lasalete... ( poemas de dor e pranto)... 16-8-08

chuva de Agosto ...

 

 

 

 

dizem que em Agosto não devia chover...
mas por incrível que pareça, a chuva sempre vem beneficiar alguém ou algo quando cai diluída e mansa...
os veraneantes é que não estão muito de acordo  e todos os que de algum modo resolveram eleger o mês de Agosto para férias devem estar um pouco incomodados...
 
 
vinha eu embalada neste pensamento e silenciosamente observava a chuva que me recebeu mal pus os pés fora de portas...
 
ao aproximar-me da cidade grande, penetrei num ambiente de mistério…
olhando de frente todas as janelas, que de certa forma fechadas, denunciavam o final de semana, penso eu que lá dentro ainda deviam estar a descansar…
 
hoje a cidade de granito, se apresentava ainda mais cinzenta, coberta pela pluviosidade que a envolvia, forjando um manto fino e transparente, parecendo até que queria propositadamente parecer mais casta e que se vestiu para noivar … tão branca e fria estava a cidade…
 
olhei o céu e perguntei porque chorava...
 o céu não me respondeu, mas ignorando o silêncio, perguntei a Deus se o pranto que envolve os seres da Terra, subindo gota a gota, seria parecido com o manto fluido que me era dado observar...
 
quis sentir o panorama emocional que abrangia o meu Porto e recuei...
 
eu sabia de cor  o pranto de quem não tem dias de coisa nenhuma, vivendo como se os dias fossem sempre iguais, sem cor, sem brilho, sem perspectivas e sem amor...
eu sei de cor  o pranto que a cada  momento sobe como oração nos leitos dos hospitais de onde apenas se recolhe dor e um abafado gemido... chegada que está a hora, para que, talvez com menos dor lhes seja possível observar a Terra de outro plano...
eu sei de cor  o pranto de quem despertou de olhos molhados, denunciando a solidão...
 
entendi também que com a chuva, os bancos de jardim ficarão abandonados...não poderão receber os namorados e os velhos que já não namoram porque perderam o brilho no olhar…
as pombas voarão em  outro sentido... talvez porque os pardais que as convidam ao desafio, estão também eles abrigados nas copas das árvores que nesta altura do ano se oferecem frondosas e perfumadas...
 
já no ventre da cidade... a mesma imagem de sempre... um jardim que se oferece como cama de vital necessidade a um sem abrigo... que por acaso conheço de longa data...
 
voltei atrás no tempo e lembro-me deste homem quando chegou à cidade e o informaram que no Coração da Cidade podia alimentar-se...
nesse dia entrou calado e observador...
ao entrar parou  de repente diante da imagem de Jesus que tínhamos colocado na entrada do nosso pequeno refeitório e que outros sem abrigo veneravam e olhavam, com respeito...
o homem que hoje dormia no jardim onde é habitual encontrá-lo , olhando Cristo nos olhos endereçou-lhe insulto vigoroso  e deixou no ar angústia e pesar pela forma odienta com que Lhe tentava imputar as culpas da sua situação..." - - sempre te encontro... até aqui me esperas"... 
falei-lhe de modo brando e perguntei-lhe que mal lhe tinha feito o Mestre de Nazaré... e ele de modo irado e decidido culpou o Cristo por não ter feito o suficiente para que não houvesse fome no mundo... e não quis falar mais sobre o assunto... recusou-se  a comer... parecia incomodado e partiu...
 
não mais se separou do Coração da Cidade ao longo destes 12 anos...
 
hoje ao olhá-lo no  jardim, dormindo como se estivesse na melhor cama do mundo, pedi a Jesus por ele... mas sei que ainda dormirá no chão durante muito mais tempo... porém acredito que embora a má disposição de que se reveste constantemente, haverá algures alguém que o amará... quem sabe um anjo condoído da sua sorte...
 
a cidade alheia a este e a outros dramas que se estendem por aí e que nem mesmo a chuva consegue ocultar, pelo contrário quando o céu chora são mais vivos e mais cruéis os dramas de quem não tem tecto... o drama de quem não tem ninguém...
 
se os pássaros ainda se podem abrigar na copa das árvores… ao ser humano nem isso é permitido... por incrível que pareça, a quem nada possui só lhe resta mesmo o chão... ironia do destino...
 
se Deus tivesse dado ao homem asas para voar, pelo menos árvores não faltavam para que os homens  descansassem...
 
o Arquitecto Divino ainda tem muitos espaços erguidos, verdes, frondosos, de várias fragrâncias, espalhados por aí, mas só servem aos passarinhos e mesmo assim, o bicho homem ainda não satisfeito derruba alguns deles para construir espaços de betão para quem pode dormir longe do chão...
 
só Deus mesmo, para suportar tanta impiedade...
 
talvez por isso mesmo chova fora de tempo e o tempo nos comece a ensinar que o homem não domina tudo ... não domina todos... nem durante todo o tempo...
 
mas ao entrar na cidade não pude esquecer aqueles que são meus irmãos de luta e que estão de férias para um merecido descanso e de quem já tenho saudades... eles são a minha energia, a pinha paz, a minha mais predilecta melodia, ao lado dos quais vivencio as mais belas lições de solidariedade ...
 
para eles e para todos... embora a chuva ... boas férias ...
 
lasalete

 

 

 

 

 

medos...

 

 

onde estão...
porque se escondem meus medos , que de mim fazem servo constante ?...
 
por onde peregrina a nossa coragem que na altura de estar presente, parece ausentar-se como se pressentisse que a qualquer momento terá que intervir ?...
 
os medos medonhos que todos os seres humanos carregam, vêm visitá-los de vez em quando, parecendo medir força com a gente ...
 
dizem que os medos se vestem de negro...
 
será ?...
 
 
hoje em dia os medos serão os mesmos?...
dizem até que determinados medos foram alojados no nosso inconsciente pelo incrustar constante de fantasmas que as diversas religiões foram impondo, ao invés de libertarem o ser humano e concorrerem para que fossem mais felizes as almas que ao seu cuidado se colocaram...
 
os medos não passam de patamares de ignorância, por onde ainda transita o ser humano.,.. mas, no entanto não deixam de estar presentes na nossa vida, mesmo na vida de quem se pensa acima do conhecimento comum... daí depreendemos que não é fácil arrumar os medos...
 
de uma forma ou de outra ,os medos moram connosco...
 
os que conseguem viver sem deixar transparecer os medos, avançam com mais facilidade...
os que não são capazes de conviver com eles. vão procurar ajuda especializada para os conseguirem entender e ultrapassar...
 
os que não conseguem falar dos seus medos, porque na maioria os tomam por pecados inconfessáveis ou entram em depressão ou se atiram inadvertidamente pela porta do suicídio, parecendo até que os medos são um caminho sem volta...
 
a felicidade do ser humano é tanto mais concreta , quanto mais fácil se torna ultrapassarmos a barreira do medo...embora não sendo fácil não é impossível...
 
os diversos espaços de medo e até de terror, prendem-se com os chamados desvios palpitantes que cada um de nós traz consigo, a reboque da última reencarnação...
são os medos mais lactentes e por vezes mais assustadores... mantemos esses medos em relação a nós e até em relação às pessoas mais queridas e que privam de mais perto connosco...
 
o desapego à matéria e o estudo sistematizado das diferentes parcelas espirituais, onde é possível perceber que afinal nós estamos na Terra apenas de passagem e que tudo o que nos rodeia é quase irreal e perecível , nos arrancaria metade dos medos, que muitas vezes se revelam em princípios de frustrações incontroláveis e perfeitamente definidas em nossa vida...
 
o medo de amar, por exemplo, depois de termos sido sujeitos ao desencanto...
a frieza inultrapassável perante a dor ,depois de termos sido abandonados, que nos torna cada vez mais possessivos em relação aos demais, principalmente aqueles que são objecto da nossa afeição...
o medo de acreditar em alguém, depois de nos terem mentido...
 
o medo de adoecer, se por acaso em outra vida fomos deixados ao abandono da cura ou isolados sem assistência médica...
 
o medo de estar , ou de adentrar um espaço escuro... que nos mostra isolamento ou desencarne violento e incrivelmente doloroso... quer acreditemos ou não que existimos em outras vidas...
 
o medo de se perder alguém, prende-se muitas vezes com um nascimento desesperador, ou provocado  por uma acção abortiva ou provocado por forte pressão ao abandono enquanto crianças...
 
o forte sentimento de culpa, por uma ou outra razão, quase inexplicável deve-se ao facto de não nos perdoarmos a nós próprios, depois de termos sido responsáveis por uma acção menos justa...
 
a fome a que fomos sujeitos, provoca também em nós o medo de não ter alimentos e também a avidez quase mórbida por nos alimentar-mos constantemente...
 mas também o medo de se alimentar , que desce vertiginosamente para espaços de anorexia e bulimia... vem a ter espaços de acção e reacção no esquecimento de si próprio em outras vidas e no carregar constante de sentimentos de culpa dos quais não consegue desviar-se...
 
se não gostarmos de nós, ninguém gostará...
 
é urgente que nos sintamos em nós e gostemos de nos observarmos, tal qual somos, para nos presentearmos com mais e melhor aperfeiçoamento no campo dos medos , onde quase tudo pode ser ultrapassado se for devidamente esclarecido e acompanhado...
 
fale diante do seu espelho e fale consigo... cara a cara... fale do que tem medo e peça ao rosto do espelho ( que é seu) que lhe diga , porque está tão pesaroso...
estabeleça este franco diálogo e observe as suas características faciais a mudarem gradualmente, como se o outro ( o do espelho) não fosse conhecido...
 
adiante que gostaria de mudar e use esta terapia pelo menos dia sim dia não, para que aprenda sem rodeios a falar de tudo o que não gosta e que mora dentro de  si ... nesse esconde, esconde , está o responsável por esses bloqueios que não lhe permitem uma vida saudável...
 
aventure-se... viva tudo o que não viveu, com prudência e sem medo de ser condenado por Deus...
Deus não condena , nem premeia...
as leis são universais e estão perfeitamente estabelecidas desde o início da vida e a elas estamos sujeitos inevitavelmente...
 
o bem e o mal se constituem arguidos num processo a que se chama karma colectivo e aí ,em todo o movimento universal os nossos movimentos individuais têm um papel muito importante...façamo-nos portanto  adeptos do bem, do bom e do belo...
 
quando assim nos  colocarmos , veremos  que ter medo de nada vale... afinal ninguém se  estabelece na Terra para sempre...
tudo é passageiro e o que interessa é fazer o bem que se pode e o melhor que soubermos  sobre todas as coisas...
a vontade de acertar também destrói os medos que há em nós...
 
se formos pouco a pouco reduzindo o egoísmo os nossos medos se desalojam e libertos vamos evoluir mais rápido e melhor, intuindo da fonte de sabedoria tudo quanto for necessário para a nossa evolução...
 
brilhar é o nosso fim... como se fossemos estrelas na noite dos medos...
desenhemos um arco íris de esperança e saltemos para o palco da vida.,.. sem medo...
eternamente apaixonados por  tudo o que há para realizar e por toda a gente...
 
agora descanse.. arrume as suas ideias e deixe-se embalar por um gostoso repouso... sem medo de sonhar...sem medo de amar livremente... sem medo de se apaixonar...
 
ame acima de todas as coisas e lute para ser feliz...
 
o medo esgota-se quando na sua vez cresce a esperança...
 
lasalete

 

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a nossa sede na Rua Antero de Quental, nº 806- Porto

desde a inauguração desta casa que os voluntários têm sido um marco de coragem e abnegação




saiba porquê.....


O Coração da Cidade é:

é um espaço de solidariedade universal

com preocupações constantes de actualização

ao serviço permanente da comunidade onde está inserido

de conforto e amparo, servido apenas por voluntariado

onde todos os serviços prestados são e serão sempre gratuitos

promotor do voluntariado e intercâmbio associativo

O Coração da Cidade,

já estendeu a sua acção

a outros espaços do distrito do Porto

criando para o efeito

uma cadeia de Lojas Sociais ,

que lhe permitam

uma maior sensibilização

para o vuntariado

e ao mesmo tempo

detectar

novos focos de pobreza

venha até ao Coração da Cidade

faça-se voluntário

e ajude a servir,

os que mais necessitam de auxílio



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CADEIA SOLIDÁRIA um euro uma razão para ajudar o Coração


é o que estamos necessitando neste momento ...

O Coração da Cidade inicou um pedido de ajuda para que seja posivel ultrapassar as suas dificuldades

associe a sua vontade de ajudar á nossa causa e contribua comnosco...

seja um amigo d'O Coração da Cidade

esperamos o seu

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