se a humanidade me permite querer...
eu.....................
quero ser amado á luz do dia,
sem o frio do chão que á vida faz doer,
quero ter como todos a louca fantasia
duma cama onde possa adormecer...
não quero ser acordado pela noite
pelos olhos mecânicos de alguém,
que me dá de beber e de comer
mas que no fundo chega e parte
e eu fico sem ninguém...
quero ter uma porta onde entrar
um número qualquer só para mim,
para onde Deus por amor manda recados
em cartas perfumadas de jasmim...
quero ser como aqueles que passam pela rua
ligeiros com certezas guardadas em seu peito
quero ser a verdade deles, quase nua,
de que se chegam a mim sem preconceito...
quero fugir do chão sujo e molhado,
que guarda em si os pecados de ninguém...
porque os de toda a gente sem saber
é o meu louco coração que os retém...
quero dizer de frente á madrugada,
que fugi da noite e sonhando adormeci,
numa cama com lençóis e perfumada
tal e qual o berço onde outrora assim dormi...
quero louca e sofregamente possuir
um lugar para amar como um qualquer,
um lençol amarrotado de suor
e a recordação em minha pele de uma mulher...
quero sentir na mão uma cortina amarrotada
daqueles que vêm á janela para olhar
a lua que se esconde envergonhada
quando alguém rouba o direito de sonhar...
por tudo isto...
não me dês um cobertor... dá-me os abraços...
que o mundo não me deu por ser sincero,
não me dês meias para os pés, porque os meus passos
tomam sempre a direcção que eu nunca quero...
eles ?... oh !...já conhecem as ruas como a alma
da cidade que nunca está dormente,
que acorda a cada hora quem sossega
no chão onde passa toda a gente...
não me dês de comer... dá-me a certeza,
de que tudo pode mudar para melhor,
e que todos os filhos da desgraça
vão poder fugir de vez a tanta dor...
demora-te em mim um segundo... amigo... eu sou humano...
não me evites, nem me olhes assim tão de repente...
não sou divino... amigo ... eu sou profano...
mascarou-me a dor ,sou pobre, mas sou gente...
sou o rosto do amor ignorado
que sepultou a caridade em agonia,
eu só quero um lençol amarrotado
eu quero ser amado á luz do dia...
lasalete ... ( poemas do fundo da alma)... 1-12-2009 ... 3 h
olá... pai do céu...
Deus dos passarinhos...
das ervinhas do chão...
dos miminhos da mãe e do pai...
da papa que eu tanto gosto...
olá Deus de tudo...
dá para olhar pelos meninos que estão com muita tristeza...
que não conseguem sorrir...
que passam a vida deles a chorar...
olá Deus das coisas grandes...
tu que és o Deus dos homens muito altos...
porque é que eles tratam tão mal as crianças...
porque é que eles roubam as crianças aos pais...
porque é que eles abandonam as crianças?...
se Tu és o Deus dos grandes e dos pequeninos...
não deixes que os grandes nos façam mal...
e quando eu crescer , não quero ser assim...
se é para ser assim, não quero ser grande...
também és o Deus das borboletas...
e dos mosquitos... das joaninhas...
das flores... e destas árvores tão altas ?????????!!!!!!!!!
tu és Deus de tanta coisa...
com um jeitinho podias obrigar os homens a serem bons...
também és o Deus das lágrimas ?...
se és não podes ser o Deus da alegria...
se tu és o Deus do sol, manda-o nascer de noite...
se tu és o Deus das estrelas e da lua... manda que apareçam de dia...
não sei se será boa ideia...
mas quem sabe os homens na Terra , mudavam também...
não leves a mal era só um conselho...
gosto de falar contigo...
também dormes ?...
então vem nanar comigo e vamos sonhar...
um beijinho... ls..
escrever para mim, é como um abraço...
é deixar-me prender e seduzir por todos os conjuntos de letras que devoram sentimentos e espraiam emoções...
é como amamentar-me e nutrir-me de prazer, realizando viagens ao imaginário consciente do meu despertar como mulher...
escrever, é a mesma coisa que não me permitir envelhecer e é de forma sincera perpetuar a vida dentro e fora de mim...
escrever para mim, é espalhar-me por mil olhos e entrar dentro da alma de quem me lê , mas principalmente de quem me entende...
é passar para os outros, o hálito da minha alma... o som da minha voz, e, conseguir rir e chorar ao mesmo tempo, na certeza de que mil pedaços de mim, abraçam quem por mim se deixa abraçar...
estou apaixonada pelas letras, como se elas fossem canções, ou melhor, teclas dum piano que compõe melodias para mim...
a maior herança da minha vida, foi Deus que ma ofertou, as letras, entregou-mas perfumadas de poesia...
quando quero descansar, escrevo... entro num enorme espaço, belo demais e musical...
fico então na certeza de estar dançando, flutuando, sem conseguir parar...
digo a Deus muitas vezes, que até eu partir me permita escrever, para poder ter até ao derradeiro momento, o direito de sonhar...
neste sonho livre de censuras , eu me sinto refeita , aberta, sincera, amada, nutrida e realizada...
fico vezes sem conta a imaginar, os olhos e o bater do coração de quem me possa ler, pois que podem amar-me , ou odiar-me... mas isso que importa... o importante é que eu sempre posso escrever...
escrever permite amar na vez de alguém...
dar voz a quem a tem embargada, e a quem não tem voz...
chorar as lágrimas alheias ...
emendar pedaços de coragem, esfarrapados e escondidos...
cantar a alma lusitana... cantar o país que eu amo , com toda a força do meu ser...
dar força e espaço a quem nada tem...
e força e coragem a quem tudo tem e nada dá...
mais uma vez deixo aqui o meu abraço...
para todos os que estão dentro do meu peito, graças a Deus...
lasalete
SER SOLIDÁRIO É SER MAIOR…
Há pedras soltas na rua
que vivem de alma nua
esperando a tua mão,
são peregrinos do tempo
que vivem neste momento
gritando ao teu coração…
Nesta terra de incertezas
a fome passa nas mesas
passa sem hora marcada…
o amor é indiferente
na boca de muita gente
que tem a alma gelada…
ser solidário é amar
é ajudar a sonhar
é dar de beber à dor…
é falar p´ra todo o mundo
que amar assim é profundo
sem querer … é ser maior.
Lasalete …… 27-11-08
não acabei de te amar, terrena humanidade
que te susténs soverba e com vaidade,
na louca herança de incompreensão e de terror...
em muros plasmados de tal fedor humano
que se espargem perfumados de impiedade, pranto e dor ...
não acabei de te amar, cultura humana apodrecida
que de ferros e de fogo te moldaste assim vestida
e nos corações visionários forjaste os altos muros
moldando um Deus destruidor e tão perverso...
onde os homens se têm sustentado inseguros...
que se derrubem também as ideias obscenas,
porque na vã piedade são forjadas as algemas ,
que assustam como baleias balofas e audazes,
e nos muros gravadas as vozes mais insanas
vêm no sangue do tempo contigo fazer pazes...
loucos... que do alto do seu pedestal chamam de Fé...
porém com vergonha apenas estão de pé,
as opções perante Deus obrigatórias...
a humanidade ainda veste a toga da indiferença,
como aluviões que cristalizam as memorias...
mas a Fé, que ainda se encontra amortalhada,
á espera da viagem obrigatória e programada...
há-de vir um dia nutrida em piedade,
em verdade, em paz e em virginal lisura...
e há-de sustentar-se e sustentar-te humanidade...
mesmo que tu digas... eu não quero... orgulhosa...
ela mesma dirá sem censura e prestimosa
não importa o que tu queres... hoje, sou eu que quero...
não acabei de te amar humanidade
humanidade que conheço --- e já tolero...
lasalete ... poemas do fim da tarde... ( 10-11-2009) - 17,00 h
Senhor... conta-me uma história...
preciso de adormecer,
a noite já está cá dentro,
em minha alma, quieta...
eu preciso de aquecer
esta tristeza secreta,
segura e inteligente,
que só quer adormecer
mas sem medo do presente...
podes contar-me uma história?...
não daquelas de encantar...
uma história interessante
daquelas que toda a gente
quer saber sem perguntar...
uma história bem humana,
que fale da nossa vida,
que nos diga sem rodeios
se os medos e receios,
não têm razão de ser...
e se afinal o papão
que nos trava o coração
um dia pode morrer...
conta Senhor, uma história,
daquelas que na memória
nos falam de amor e paz...
quando pequenos demais,
olhando p'ra nossos pais
tudo parecia diferente...
o mundo dava voltinhas,
e a missa das alminhas
era gostosa de ver...
e sem medo de morrer
nós fazíamos asneiras,
e de todas as maneiras!...
sempre arranhados no rosto,
nas pernas e nos bracitos,
corriam soltos os gritos
das traquinices de então...
o bolor sabia a pão
e o pão a quase nada,
mas na mão da pequenada
sempre dava p'ra mais um...
ninguém ficava em jejum,
porque as árvores do jardim
criavam frutos sem fim
e todos empoleirados
nos ramos quase quebrados
e a barriguita colada,
os olhos esbugalhados
se enchiam de tal prazer,
que á noite, mesmo sem histórias
era bom adormecer...
hoje Senhor... é diferente...
custa tanto p'ra dormir...
não há bonecas de trapos,
mas há crianças sem mãe,
sem carinho, sem desvelo...
não há fitas no cabelo,
mas há crianças doentes,
e há almas indiferentes
á dor dos mais pequeninos...
não há peões pelo chão,
nem sameirinhas laranja,
nem bonecos de papel,
com as repinhas em franja...
já não há canções de roda,
não há vestidos aos folhos...
há gotas dentro dos olhos,
com medo da luz do dia...
por isso antes de dormir
as gotas querem fugir,
rolam pela cara, e molhando
de pranto lá vão contando
histórias que ninguém quer...
contadas por tanta mãe,
histórias tristes de dor,
que nem Tu mesmo Senhor
contarias a ninguém...
os homens sabem trair,
e já não sabem sorrir,
estão com medo de amar,
preferem ficar á espera
que uma nova Primavera,
venha na vez dum Verão...
têm medo de aquecer
por amor o coração...
por isso Senhor á noite
muitos dormem pelo chão ...
se as pedras de tanta rua,
pudessem assim contar
a dor de quem passa nelas,
abriam todas as portas
e em todas as janelas
as almas quando inquietas
viriam sempre escutar
essas histórias secretas
que ninguém ousa contar...
Senhor... mesmo ocupado,
fica um pouquinho ao meu lado,
e diz-me a sussurrar,
se o mundo atarefado
precisa de estar calado
perante tanta maldade...
conta a todos uma história,
que lhes avive a memória
e assim os chame á razão...
para que em todas as mesas
sempre haja calor e pão...
e que na alma dum crente
não haja meia verdade,
para que em toda a cidade
o amor esteja presente...
vou trabalhar , porque assim
ficas mais perto de mim,
mas não Te vais esquecer:
_ eu chego a casa cansada,
mas depois de estar deitada
preciso de me aquecer...
abraça-me qual criança
e quentinha de esperança
ajuda-me a adormecer...
lasalete ... ( poemas do fundo da alma) ... 6-11-2009 ..... 12,00h
veste... veste de flores a minha alma
pensando em mim com amor sentido e calma,
veste-me de flores como se os olhos,
fossem sob as lágrimas as pétalas dos molhos
das flores que com amor compras-te para mim...
como se o perfume das flores fosse a lembrança
de um amor que não morre nem tem fim...
veste-.me de flores a campa dura e fria
mas não deixes escorrer pelo coração a agonia
que sepultou o teu olhar quando parti...
veste-me de flores e estende a tua mão
para que eu poise sobre ela o coração
que sofrendo por amor bate por ti...
veste-me de flores em paz, sentidamente,
sem chorares por mágoa o amor ausente
porque ainda te amo, te amo, meu amor...
veste de flores e em paz, o chão dourado,
de todos os erros e amores de meu passado,
porque não deixei de errar ou de amar por ter morrido...
veste também de flores o céu da tua alma
e oferece nessa oferta florida
a dor e a ausência assim sentida;
e ao olhares a campa branca e orvalhada
meu amor...meu amor...meu amor...
pensa, que a vida é apenas pó, é cinza e nada...
faço parte dos poetas e das dores,
dum mundo que não quer apenas mais flores,
nem mais lágrimas das dores adormecidas...
faço parte dos que amam mais amores
que algum dia, vocês hajam percebido...
mas meu amor, se tens esse desejo
de me dares uma flor na vez de um beijo,
então, com amor, eu cedo ao beijo oferecido...
lasalete ( poemas da minha alma) - 30 -10-2009 - 17,11 h
o sol bebeu sorrisos
e o chão recolheu lágrimas de dor...
a vida construiu paraísos
e a alma sorriu de amor...
mas, do sol ardente
ao chão humedecido
vai a distancia dum coração dorido
sobrando as dores da humanidade incandescente...
os verdes oceanos gotejando
a dor da natureza no seu ventre,
os céus flamejando sussurrantes
abraçando a ventania inclemente...
as dunas recebem a paz da areia branca
que solta pelos ventos naturais
se mostra aninhada e muito ardente
criando lençóis como cristais...
austeras as ondas se desdobram seminuas
de vida, com vidas em retalhos registadas
como arquivos de dor guardam segredos
como quem agasalha loucamente as madrugadas...
porém, há humanos corações
que se doem e se mascaram docemente
escondendo as dores e as loucas emoções
sorrindo para tudo e a toda a gente...
brilham como quem espalha sol sem magoar
amparando as almas que choram copiosas
na divina comédia da vida há um altar
onde a mão de Deus perfuma a tristeza como as rosas...
lasalete
este poema dedico-o a todos os que passaram na minha vida... me ajudaram a crescer e me ensinaram que, as melhores lições são sempre as mais difíceis, por isso mesmo nos ensinam em maior profundidade e eficácia...
hoje desejei voltar a ser criança...
alcançar o firmamento e voar mais alto ainda...
escorregar numa nuvem, por cima do mar sem fim...
subir mais e voltar de Deus, com a certeza da mudança...
e trazer no meu rosto ainda o sorriso de criança.
voltar a ser criança ?. .. é uma aventura,
quando o coração já está tão calejado,
é misturar lágrimas de dor com risos de ternura
é cantar dentro de mim todo o meu fado...
voltar a ser criança, é privar de perto com a dor e permitir
ter asas como um anjo nas alturas, sem enfado
é acreditar que o melhor ainda está p'ra vir
e viver toda uma vida sem sombra de pecado...
é sentir dentro de nós o extase e a magia ,
mesmo que o mundo nos maltrate sem motivo
é acreditar nos homens e em Deus com sintonia
gravando na alma o sentido porque vivo...
assinalar assim na minha vida esta certeza,
é acima de tudo ter fé e confiar,
é sentar, ricos e pobres numa mesa,
e servir por prazer,o amor, como manjar...
é não desvirtuar nunca , a esperança,
é ensinar a todos que afinal, tudo é possível
é ir muito para além das nuvens e voltar
trazendo dentro da alma o efeito indivisível...
é marchar á frente de um batalhão... e com firmeza
contornar as pedras arremessadas com furor
é brincar, sorrir , amar, numa certeza...
sem confiança, não é possível o amor...
lasalete... 8-7-2009
não inventes que sabes porque existo,
sem contudo olhares bem de frente para mim...
não inventes que estás a sentir porque resisto
porque o meu desejo é severo… e tem um fim...
não... não ... tu nada sabes de amor,
a respeito de mim?... que sabes tu?
nunca te vesti ou acordei, ou abracei...
nunca te apertei , nem te pus nu...
nunca te fiz chorar adormecendo
nunca te fiz chorar pelo meio dia,
nunca te fiz chorar de medo tão horrendo
nem tão pouco te beijei por ironia...
afastei-me porque tu não me aceitas-te
e havia outros que me queriam e entrei
instalei-me secreta em outros e olhas-te
sem saber de onde eu vinha e então fiquei...
pálida pela indiferença em cada olhar,
abismada pela crueldade do teu ser
eu fiquei em tua mente a namorar
o amor que dizes sentir sem dele perceber...
chamam-me muitos nomes... oh!... cruel humanidade
que da ignorância não dispõem mais que um esgar
e me suporta em silêncio e com maldade
sem perceber que eu acompanho quem nunca soube amar...
pensei que vinhas ajudar os que retinha
nos escombros do passado rude e lento
no barulho de seus gestos mal pensados
que gritam destruindo o pensamento...
meus fantasmas se debatem todo o dia
não dou nada de graça... tudo vendo,
também, não compro nada... arrebato...
me alimento de segredos que apenas eu entendo...
instalei-me?... é certo ... eu fiz o que é de lei...
nem mais , nem menos, apenas conferi
aquilo que na vida eu encontrei
nos abraços mais ímpios que senti...
vim como prostitua cobrar o que queria,
vendido que foi o amor por preço inferior
eu então cobrei mais alto o que devia
apenas na esperança de pagar o mesmo amor...
ninguém me aguarda, nem pressente e me confunde,
ninguém me quer, me esconde e acciona,
ninguém me compreende, nem ama, me abomina,
patogénica presença, que o mundo aprisiona...
mas, quando me entenderem no Todo que ilumina
e me curarem pelas leis que Ele colocou,
a mente que me oculta e me assassina,
irá sem querer viver p'ra onde eu vou…
me verá com outros olhos, que não os que suporta
e então sem choro recolhido e com furor
entenderá que eu posso entrar em qualquer porta
não porque eu quero… mas em nome do amor…
enquanto eu estiver em ti e tu em mim,
nos que te são queridos e amas ternamente,
não me chames de loucura , porque ocupo
apenas o lugar do amor que esteve ausente...
olha-me sem medo e abraça-me... bem forte,
oferece-me a Ele e o fardo cederá.
abraça-me outra vez, com calma até á morte
e a mente se liberta de mim e viverá...
eu vim como companheira, sem usura
eu sou retábulo difícil, necessário…
todos de me chamam loucamente de loucura,
mas eu… eu sou apenas " as contas dum rosário"...
lasalete...13 -6-09