nem todos conseguem acordar, assim como nem todos conseguem adormecer, por isso sei, que nem todos conseguem amanhecer voltados para um novo dia...
tal como acontece às estações do ano, despertar, florir e dar fruto, é muito difícil , de compreender, de agir e de fazer perdurar...
concluo portanto que para tudo isto é necessário insistir...
é urgente perfumar a mente... diluir o veneno de séculos que existe dentro de nós e perdoar...
perdoar a si próprio, as situações que a alma inventa para não se magoar e as situações em que se coloca para magoar os outros...
é necessário agir depressa e perfumar a mente de amor...
é lindo demais amar... abraçar e ficar quieto ... sem chorar... meditar e calar ... serenamente...
é preciso mudar , mudar as preferências e modernizar os princípios ancestrais onde vestimos o pensamento, eternizando o homem velho, que está cristalizado dentro de nós...
é preciso libertar esse homem novo, sem medo e deixá-lo actuar... sem vergonha de chocar ou de chocar-se consigo próprio...
é preciso gritar ao vento, fazer chorar a lua, enfrentar o sol, rasgar os céus e gritar ao universo , sou gente... mas sou permanentemente filho de Deus...
puramente sou frágil, mas sou forte ao mesmo tempo... sou gente sem necessidade de me comparar... sou gente porque trabalho, não naquilo que eu queria, que sonhei, mas meus braços se movimentam e meus olhos lhes seguem os movimentos , sinto calor, sinto frio, sinto sede e sei chorar... que bom estou vivo... eu posso trabalhar...
deste modo eu consigo amanhecer, adormecer e sonhar...
mais fácil se torna para mim despertar...
romper a placenta do ventre que eu inventei com medo de nascer...
amamentar a vida com leite de dor e chorar por amor ... é despertar... é crescer... é romper as entranhas e viver...
será portanto necessário sentir dor... por certo que sim...
necessário é inventar o amor e continuar...
o amor com ombro, sem ombro, com olhos de ver e se ajudar a amanhecer ...
há quem queira destruir a nostalgia... quando é assim eu digo... que pena nunca soube verdadeiramente amar... por isso seguramente e em verdade nunca soube viver...
viver... ai viver... por vezes é acender a lareira dos sentidos, deixar que o fogo nos queime por dentro e abraçar as chamas que ninguém vê, que são apenas nossas, que ardem só para nós, mas que de nós irradiam calor para toda a gente...
Não sabemos bem, quanto tempo demorará o homem na Terra a entender o verdadeiro significado desta data, mas sabemos que com muita dificuldade se distancia do sacrifício de Cristo, porque ainda necessita de tornar visível a Páscoa, em quadros de dolorosa apresentação, eternizando a imagem desesperada de quem, naquela época protagonizou este cenário terrível que foi a crucificação, de quem, veio ao mundo apenas para falar de amor...
mas, muitos dos que já despertaram para um mundo mais justo, não necessitam de paramentar os olhos com essas terríveis imagens, mas vai adornando o seu coração e abastecendo a sua alma, com a luz fulgurosa do Cristo ressuscitado, do Mestre do Amor, elevado pela brandura e perfume da sua mensagem...
os que já despertaram não precisam de mais cruzes erguidas, já que aquelas que observa dia a dia nos ombros de quem passa fome e se desespera para tentar viver até ao dia seguinte e faz a sua via-sacra pelas instituições de cariz social, representam bem demais o próprio Cristo...
é urgente que todos despertem para essa luz sublime, que Jesus de Nazaré deixou a todos nós, ao deixar-se sacrificar, porque de olhos fechados não sabemos encontar um caminho e assim, ainda precisamos da Páscoa para d'Ele nos lembrar-mos, quando de forma simples e declaradamente expressa disse... "amai-vos uns aos outros como eu vos amei"...
óh Mestre... quando... quando despertarão os homens , quando descerão dessa passerelle de fascínio e de horror, onde se passeiam as almas fissuradas no consumo, no crime e na violência, no poder e na opulência e que depois tem coragem de ficar especados a olhar a cruz onde serenamente te deixaste eternizar por eles ...
que incrédulos, aqueles que apenas Te descobrem, quando criança na manjedoura e já adulto na cruz...
tristes daqueles que não sabem despertar e verificar que todos os dias podes habitar o seu coração...
que bom Senhor... se todos os homens fossem irmãos e amorosos... apenas mais irmãos...
que este espaço no tempo em vez de ser de paixão, fosse de amor e libertação da inércia em que muitos homens vivem...
ai...se os homens experimentassem despertar pelo amor... libertos seriamos então, do egoísmo que ainda nos envolve neste casulo ancestral...
as ruas continuarão a suar de gente disposta a passear nelas, mas não a viver, a sorrir e a amar...
os rostos continuarão a passar uns pelos outros, mas não vão notar as alterações ... os sulcos vincados, vinculados às lágrimas soltas, sem aviso, incontidas num brutal e enorme pantanal de dor...
os sonhos vão misturar-se e serão bem mais frágeis que as realidades que a própria dor constrói...
por entre a multidão, vão desfilar os desgostos que ninguém vai descobrir, nem consegue travar...
na multidão apressada o vai e vem das saudades escondidas vai acontecer...
ninguém estranharia se alguém sussurrasse ...TENHO FRIO...
ninguém se espantaria se enrolado em seus próprios braços alguém chorasse murmurando ...ESTOU SÓ ...
SENHOR ... e TU ?... caminhas entre a multidão? ...
quantos vão desejar encontrar trabalho e não vão conseguir... alguns vão desistir...
não permitas Senhor... trá-los ao Coração... aqui sempre há de comer e um ombro onde se possa chorar sem que ninguém veja... mas sobretudo, um sorriso que alimenta de esperança quem para aqui se encaminha...
não permitas que ninguém desista ...
o Inverno da esperança que se exprime em desistência, transforma a nossa alma como galhos secos no chão, que ninguém levanta , que todos pisam e que frágeis, quebram ao menor impacto...
no palco da vida estão distribuídos papeis tão difíceis de protagonizar...
sabes Mestre, eu gostava de ter um colo gigante, onde pudesse embalar todos os que estão cansados de caminhar...
no seio do luxo e da prosperidade material, figuram aqueles que se desvinculam da vida, passando à margem de quem sobrevive miseravelmente ...
não dá para abanar esses corações empedernidos ? ...
apesar da Fé que existe em minha alma, não consigo evitar de perguntar todos os dias ... ATÉ QUANDO ?...
apregoa-se, mentindo, que a escravatura acabou...
porque mentem os homens, se o mundo deixa passear por aí os escravos, mal pagos , desnutridos, doentes, sem direito a dizer... n ã o ooooooooo ...
trocaram os troncos e os açoites, pelas máquinas e pelos impostos...
as senzalas já não existem, mas foram inventadas nas cidades os bairros sociais, a invigilância e a maldade proliferou e indefesas as escravas continuam a ser as mulheres dos senhores que tudo querem dominar...
as crianças são vendidas à indiferença e os jovens olham o futuro como um kilombo que alcançado lhes pode garantir a liberdade... onde está?... quem sabe o caminho ?... são tantos os que o querem alcançar...
a semana vai acontecer... neste momento na TV os crimes violentos são motivo de debate...
numa época de tanta descoberta científica o homem esqueceu-se de inventar a fórmula para a paz...
ajuda-nos Senhor....
ao escrever estas poucas linhas senti de repente saudades de meus amigos, das caras conhecidas que me habituei a descobrir todos os dias nas palestras semanais que vou proferindo...
mas não consigo abafar o grito, que hoje, de forma estranha, interrompeu a meditação do grupo que eu dirigia... quando repentinamente, um jovem adentrou a casa espírita e disse ... TENHO FRIO... TENHO FRIO...
era um pobre sem abrigo... tem apenas vinte anos ... é um cidadão português sem direito a morar em lado algum, mas preso à vida com salvo conduto, obrigado a viver...
um dia foi o menino de alguém...
quem se atreve a chorar por ele...
neste espaço de cantaria chamado cidade ... acudindo ao grito, uns braços se estenderam... um voluntário do Coração da Cidade ... porque este coração não pode fechar... aqui a dor faz os dias todos iguais... e as lágrimas não têm hora para cair... e uma dor mais uma dor faz uma lágrima ...
recebemos em formato pps , inúmeros pensamentos, simpáticos, menos simpáticos, práticos e informativos, oportunos alguns, outros menos próprios , confusos e dogmáticos... enfim há de tudo um pouco... recebemos mensagens sublimes de pensamento bastante equilibrado de ajuda profunda... de tudo isto é necessário querer e saber aproveitar...
mas no que respeita ao amor, são realmente inúmeras as mensagens dentro do tema...
a fome de amor, ou a necessidade urgente de nos encontrarmos dentro dele e com ele, leva a que quem tem tempo e jeito para compor de forma mais ou menos bela, nos disponha a prender uns minutos da nossa atenção e ouvir deliciosamente mensagens de amor e de auto ajuda...
h`dias uma dessa mensagem que sensibilizava à quebra de rotina, entre todos os conselhos incertos mostrava que tudo se podia e devia mudar, até o nosso amor...
dizia a mensagem, mude isto, isto e aquilo, mude de amor...
o problema de todos nós não é mudar as coisas, o que nos cerca... o grande problema é sermos nós a mudar perante o que nos rodeia... o problema somos nós...
e no que respeita ao amor, não precisamos de o mudar, mas precisamos de ter uma postura diferente perante o amor, ou se preferirem perante o "nosso " amor...
fazer acontecer coisas diferentes, não se prende com o deixar para traz as coisas mas modificar a nossa forma de ser perante elas ... vivenciando as mesmas coisas, convivendo com as mesmas pessoas, passando nos mesmos sítios, mas com outro olhar mental, com outro espírito que não seja aquele que usamos no quotidiano" que chato sempre a mesma coisa" ...
este tipo de observação interna leva-nos a que usemos as coisas e as pessoas de forma displicente e não olhemos a vida como ela deva ser olhada com amor...
e por falar de amor... não mudem de amor, mas mudem perante o amor...
amem mais o amor... o " vosso" amor...
para que mais tarde não tenha que ser o amor dos outros...
não tenha, muitos " amores" ... mas amem todo o mundo, toda a gente, mostrando inclusive apreço pelas coisas mais pequeninas da vida...
demorem-se no sorriso de quem passa, na cara triste de quem se cruza convosco...
mas se querem ser mesmo mais positivos, coleccionem sorrisos... saiam para a rua e façam uma proposta simpática a vocês mesmos... " EU HOJE VOU COLECCIONAR SORRISOS" ... se vocês sorrirem dificilmente o sorriso não vem de volta...
não mudemos as coisas, mas mudemos perante as coisas, para que essa mudança possa acontecer, porque a vida é que muda aquilo que não é alimentado por nós ... é da lei...
construamos diariamente um pensamento positivo, olhando os outros de forma diferente e entendendo as suas dificuldades no campo dos afectos...
expressemos afecto, mas não nos deixemos afectar por qualquer coisa, passando de seres simpáticos a vidrinhos de cheiro que se machucam por qualquer coisinha que o A e o B disseram e também por aquilo que ninguém disse mas que pensamos que poderiam dizer...
sejamos livres e libertamos ou outros da nossa má conduta...
livres ... livres ... sem trela de má disposição...