Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Crónicas d'O Coração da Cidade

a instituição que o povo do Porto elegeu para si ...

Crónicas d'O Coração da Cidade

a instituição que o povo do Porto elegeu para si ...

começaram a chegar...

 

Sábado á noite...

a palestra pela qual sou responsável, demora mais ou menos duas horas...

com fidelidade sempre se enche o salão com mais de 150 pessoas que se dividem pelos mais variados aspectos de racionalidade...

a doutrina espírita é globalmente um espaço de apoio emocional, sem subjectividades e sem a preocupação de criar prosélitos...

é substancialmente um espaço de paz , onde cada um de nós começa por chorar, fica para se esclarecer e pára para pensar ...

 

no final da palestra um número considerável de pessoas espera para me falar pessoalmente...

a grande maioria tem problemas específicos de adaptação ao momento difícil que atravessam...

em paz e com alguma habilidade á mistura, consigo transmitir esperança...

abro o meu coração, na esperança de agasalhar corações alheios...

 

um a um vão saindo e no  semblante  se vislumbra um sorriso diferente, quase de auspiciosa acontecer...

afinal todos estavam mergulhados numa solidão silenciosa onde o medo tem o seu papel principal...

o importante é transmitir esperança...

 

no sábado esgotou-se o número dos que ficaram para abordarem particularmente os seus problemas pessoais ou de familiares mais próximos...

 

mas, aquele ser humano ficara para o fim...

tinha um andar vergado... e de olhos postos no seu, mostrava sem esforço, o fardo pesado que carregava com muito custo...

sentou-se diante de mim e eu fiquei tão pequenina...

com é possível meu Deus , eu ajudar tanta gente...

afinal eu só posso transmitir esperança...

só tenho para distribuir palavras de conforto, com a convicção que a minha Fé permite...

não minto, nem oculto seja o que for e falo com o coração...

 

não necessito de religião nenhuma para amar tanto sofrimento...

é como se lavasse feridas da alma e me fosse dada a capacidade de mudar pensos infectos que o medo deixa infectar pela ausência de vitalidade...

 

estes eram os meus pensamentos, enquanto aquele ser humano, falava da sua vida...

 

reparei que a barba tapava a maior parte do enrugado do seu rosto...

a voz saia a custo e as lágrimas emprestavam ao olhar o único brilho do momento, que fluía da alma e escorria molhando as faces...

pedia desculpa e continuava emocionado o seu relato de vida e da sua t

história tão presente...

 

fora um industrial de renome, proprietário de uma das mais badaladas marcas de vinho de mesa e agora ?...

chagou ao limite... vive de um subsídio de desemprego, mudou completamente o seu estilo de vida...

parou as viaturas de que é dono e anda sempre de transportes públicos, porque não tem dinheiro para gasolina...

em casa comem com dificuldade...

os filhos que estudavam em bons estabelecimentos de ensino, estão á procura de uma ocupação para contribuírem para o orçamento familiar, para verem se não ficam sem casa, a esposa está com uma depressão e ele quase lá...

 

oferece-se para voluntário apenas para ocupar o tempo e assim encontrar uma forma de esquecer as dificuldades..

 

não se lhe conhece revolta na forma de encarar a situação, mas a tristeza... essa não consegue disfarçar...

 

antes de partir recolhe-se em oração , não sem antes referir que a sua situação actual lhe está a permitir ver o mundo com outros olhos...

 

lembra-se da forma fácil de viver e da abundância de outros tempos, que contrasta com todas as dificuldades que tem neste momento...

 

parte dizendo :

o que mais me doeu neste situação, é que os amigos do tempo de fartura, me abandonaram e alguns já tiveram problemas ... e naquele tempo em que eu podia ajudei bastante para a resolução de alguns... hoje mudam de passeio e evitam o meu contacto...

 

abracei esta alma... doei-lhe o que tenho de mais grato... a esperança que só a Fé em Deus consegue plasmar dentro de mim...

 

Portugal e o mundo no seu melhor...

 

a crise vem ajudar muitos de nós a compreender que nem tudo são facilidades...

 

este não é o primeiro comerciante ou industrial do Norte que vem pedir auxílio...

 

eles efectivamente começaram a chegar...

terão que nascer de novo ... num prisma de compreenção bem diferente... em moldes de convivio inimaginaveis... muitos destes seres humanos estão inaproveitados e foram em tempos uma mais valia para o país...

 

hoje estão de parte... faliram... dizem os que nada disto entendem...

 

não, não faliram... quem faliu foi o sitema, que não os ajudou...

 

que Deus então nos ajude...

 

 

 

uma boa semana de trabalho...

 

lasalete

 

 

 

 

 

 

 

marcas do coração ... ( poema)

 

 

ninguém disse adeus... ninguém se despediu,

apenas passos ligeiros, e firmes... quase certos

levavam para longe a chorar, braços abertos,

levavam para longe a chorar a solidão...

e uma a uma as lágrimas vão soltando o coração

molhando a areia dourada de forma tão real...

conforme as lágrimas caem, há flores no areal ,

que sem desejo sofrendo falam de pranto e dor 

e o sol não se afasta não se ausenta é escaldante

tudo espreita, tudo afaga num abraço docemente

vestindo a areia de espuma ,com  lágrimas de  amor...

 

os passos denunciavam sem querer longos silêncios

que só Deus sabia entender e acarinhava...

dentro dessa alma aflita e perturbada

que corria pela  praia amedrontada...

com ela corriam recordações já tão distantes

que esvoaçavam ao vento ondulantes

como plumas do pensamento incontrolado

como cavalos à solta lado a lado,

que sem freio ninguém pára, nem aguenta

indomáveis ,velozes, quase loucos

e alados subiam a um céu quase estrelado...

 

que denunciam as lágrimas ?...quem lê os passos da dor?...

nada... nada, nem ninguém apenas a dor profunda

da alma que não se acalma ,nem consegue respirar...

dorme em desejos sepultados onde fecunda,

amor e dor, denúncias de  tumular emoção,

onde se julgam aqueles que ébrios ainda tem coração...

junto deles ninguém reza, ninguém coloca flores...

sobre os desejos ninguém fala, não existem orações

nem se podem profanar as nossas almas tão cansadas

nem se podem invocar os  Deuses que estão surdos

aos rogos dolorosos de nossos corações...

 

se aos homens é proibido avançar dentro dum sonho,

onde se guarda então imaculada a  emoção ?

se existe um solo negro e tão agreste que nos fere

onde partido e quase exangue cai cansado o coração...

quebrando as regras do amor ,quebro granito em pedaços

o meu pensamento corre veloz e cria espaços

depois de muito chorar, ajoelho e suplico...

e minhas mãos se estendem e  bailam comovidas

e quando não  podem amar são recolhidas

num sacrário onde oculto, o meu Deus,

sabendo o tamanho da dor de tanto amar,

me permite então dizer adeus...

 

os poemas fluem sem esforço, traduzem todas as dores

e então brincando infantilmente com a vida 

pedem aos  homens que baptizam  seus  amores...

e o amor de mão em mão , soa a desdém 

se alargam  assim os gestos que são de despedida,

que tristemente não  completam mais ninguém...

 

não entendo então, mesmo que queira,

como as luas vão iluminar a noite fria...

pois se o amor adormeceu, já não existe

de modo algum se justificam os luares

nem se justifica que o calor do Sol inclemente,

seque  os pingos de chuva sem querer

pois são eles as lágrimas de dor de toda a gente...

 

entre um sonho e outro assim, se engana a beatitude,

a denúncia de nossos  sentimentos é sincera

como quem num altar coloca paramentos de virtude

onde celebra um ritual de amor e primavera...

onde anjos e demónios convivem sem emoção

sem vergonha de serem consagrados

na elegia da vida, entre graças  e pecados

que Deus absolve por amor, em cada coração ...

 

as distâncias, são cadafalsos que matam o amor

o adeus a fogueira onde vão arder todos os sonhos

e o amor  virginalmente em ascendência

sem mácula consagrado em sua essência,

num lago de paz  translúcido e manso,

vai ao  lugar que lhe é próprio... o coração de Deus...

pois só aí o Amor encontra por fim o  seu descanso...

 

 

lasalete - 6 -09-08 ...   (coisas do fundo da alma)

dentro do silêncio... ( poema)

 

dentro do silêncio, há um quê que sabe a solidão...

uma denúncia velada que fala de tudo,de todos e de ninguém,

um misto de fraqueza e de coragem

e uma certeza de que só Deus

tem de verdade a chave do nosso coração..

 

dentro do silêncio se embriagam os sentidos

com uma vontade mórbida de os arrebatar de dentro de nós

tornando a nossa paz o único paraíso

onde sofrega e serenamente  desejamos estar...

sem máscara ... sem dons... apenas o nosso eu para embalar...

 

dentro do silêncio existem músicas que só o vento toca para nós

e que somente a nossa alma consegue escutar ...

porque o silêncio tem a nossa voz e sabe como saciar-nos

esvazia os sons que não sabem a melodia

e oferece diálogos que só habitam na nossa imaginação...

 

dentro do silêncio erguem-se montanhas

que  nós sabemos intransponíveis

e tão altas que nos dão a certeza

de não estarem ao nosso alcance...

existem mares navegados por rostos estranhos

que marginam o nosso querer

e denunciam agressão à nossa intimidade...

 

dentro do silêncio existe a noite que ninguém acorda

e que nos tenta justificar os fracassos...

a noite de amores que nunca viveremos

e  luas de madrugada que nunca soubemos entender..,

mãos peregrinas que não sabem onde moramos

sentimentos misturados com lágrimas de dor...

sonhos que assustam a nossa pálida existência...

 

dentro do silêncio também se escrevem orações

para os deuses que não são de religião alguma,

para os orixás em que não acreditamos...

e dentro desse silêncio ardem velas

de promessas que dificilmente conseguiremos cumprir...

os nossos joelhos doem por rolarem no chão

na procura de outros silêncios que sangram em paralela união...

 

dentro do silêncio há gritos abafados

que se assemelham aos nossos gritos,

blocos de gelo que chocam de frente com o nosso ardor...

que esbarram com a nossa emoção

e tentam colar-se à nossa alma

tentando adivinhar onde mora o nosso querer...

 

dentro do silêncio há pedaços de céu

com nuvens votivas tecidas de encanto

esperando que  dentro delas plantemos flores...

estão prenhas de sons de maresia

onde elas também bebem e choram o nosso sofrimento...

 

dentro do silêncio as areias da praia

formam conchas de ilusão a que chamam beijos de mar...

o quente do sol oferece um brilho que confunde a magia do silêncio

mas que termina pela noite com o conforto sem pensar...

devolvendo ao silêncio a solidão timidamente,

com gelo tumular dos gritos surdos ao amar... 

 

dentro do silêncio onde mora o amor

onde mora a magia do acontecer

onde mora também a vontade de viver ,

dentro do silêncio onde quase tudo se pode esconder...

há uma fonte de saudade onde as lágrimas se podem disfarçar...

 

dentro do silêncio de cada alma que sente e se faz sentir

há mãos que se entrelaçam há gestos que se alongam no olhar

porque os sons são proibidos e não se podem usar...

há mais silêncios dentro do silêncio

com palavras que não se podem pronunciar...

em maior silêncio que  os silêncios que se possam imaginar...

 

dentro do silêncio só cada um pode morar

dentro do silêncio só cada um pode existir e penetrar...

dentro do silêncio cada um guarda segredos que nunca irá revelar...

dentro do silêncio há um canto para descansar

um quarto escuro onde as lembranças vão para sonhar

onde  uma luz  cor de  fogo  indescritivel

ilumina de forma  irresistivel  o verbo para  amar...

 

 

lasalete ... 18-8-08 ... ( coisas do fundo da minha alma)

 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

CORAÇÃO DA CIDADE ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ MOVIMENTO ECUMÉNICO ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ VOLUNTARIADO EM ACÇÃO ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥


a nossa sede na Rua Antero de Quental, nº 806- Porto

desde a inauguração desta casa que os voluntários têm sido um marco de coragem e abnegação




saiba porquê.....


O Coração da Cidade é:

é um espaço de solidariedade universal

com preocupações constantes de actualização

ao serviço permanente da comunidade onde está inserido

de conforto e amparo, servido apenas por voluntariado

onde todos os serviços prestados são e serão sempre gratuitos

promotor do voluntariado e intercâmbio associativo

O Coração da Cidade,

já estendeu a sua acção

a outros espaços do distrito do Porto

criando para o efeito

uma cadeia de Lojas Sociais ,

que lhe permitam

uma maior sensibilização

para o vuntariado

e ao mesmo tempo

detectar

novos focos de pobreza

venha até ao Coração da Cidade

faça-se voluntário

e ajude a servir,

os que mais necessitam de auxílio



gifs

CADEIA SOLIDÁRIA um euro uma razão para ajudar o Coração


é o que estamos necessitando neste momento ...

O Coração da Cidade inicou um pedido de ajuda para que seja posivel ultrapassar as suas dificuldades

associe a sua vontade de ajudar á nossa causa e contribua comnosco...

seja um amigo d'O Coração da Cidade

esperamos o seu

ajude-nos a ajudar ...

apenas um euro

Millenium BCP

0033 000000 239551298 05


Arquivo

  1. 2017
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2016
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2015
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2014
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2013
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2012
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2011
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2010
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2009
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2008
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2007
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2006
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D