avultados de dívidas á vida que mal aproveitaram...
estão sugados pelo tempo, que sem tempo os empurrou de forma labiríntica e os calca ... e os esquece... e já nem para eles olha como em outros tempos...
o Inverno da vida é severo, rigoroso e implacável...
um dia o meu Tel. tocou...uma voz chorosa, com muita idade chorava aflita, com frases decoradas por tanta insistência em serem repetidas e a voz que chorava sabia a coração dorido de tanto desgosto...
o filho já com idade respeitável, transformara-se no seu carrasco...
os gritos e as agressões constantes, são o pão nosso de cada dia...
mas, não se pode queixar, não pode dizer que a agressão física acontece e sabe de antemão que se o filho souber que se queixa, as agressões serão maiores...
esteve internada para uma operação melindrosa e não deixou o cartão de crédito na mão do filho, já que de vezes anteriores ele simplesmente gastou todas as suas economias...
viver em conjunto com ele, para ela, é um suplico enorme, mas ninguém a pode ajudar...
ela apenas se quer lamentar e fê-lo durante uma hora...
depois se despediu duvidando da existência de Deus, e angustiada, pedia que o filho partisse rapidamente deste mundo, para ela ter sossego...
arrepende-se de escolher a companhia do filho , mas tem que viver com ele...
o álcool a que o filho se entrega diariamente, agrava a sua má disposição para com aquela, ela que lhe deu a vida...
já muito de noite, lá consegui que fosse dormir, e no meio de muita desculpa, desligou para ver se descansava..
quando a vemos a passar percebe-se que carrega uma dolorosa cruz...
cambaleia e chora mal encontra os nossos olhos...
pergunta sempre que mal fez a Deus para ter uma velhice tão difícil...
aconselhei o apoio á vitima, mas ela tem medo...
assim caminham muitos idosos neste mundo, sovados pelos menos velhos e por alguns bem mais novos...
as lágrimas confundem-se com as rugas e sempre que choram pensamos que são as dores próprias dum corpo cansado... mas não... são as dores da alma, bem fortes quando são provocadas por filhos sem coração...
o Inverno da vida ????... quem lhe chamaria assim...
que bom seria que com a experiência acumulada pudéssemos na idade mais avançada, voltar a ser Primavera ou Verão... como o mundo seria diferente...
o Inverno da vida, gelado de amor e quente de preocupação e desgostos, ainda é o que espera a maioria dos mais velhos neste mundo...
por isso eu sempre recomendo, que se esforcem por se manterem activos, física e mentalmente, e parem apenas quando a vida de forma declarada e concreta assim o exigir...
até lá, mantenham a força viva que os trouxe até aqui e vivam, vivam todas as loucuras, todos os amores, sem vergonha e com mais energia...
nós, os que ainda não estamos velhos, semeemos a Paz e não permitamos que ninguém, nem mesmo um filho nos retire essa paz...
um abraço do tamanho do mundo ...
e se você que está a ler esta página tem junto de si alguém mais velho, que simplesmente ignora, corra para ele, abrace-o e fique a contemplar de mente limpa, o Inverno da vida, porque há rosas que ainda florescem no Inverno, mantendo o seu perfume inigualável...
Creio que foi muito rápido… de repente dei comigo a recolher algumas moedas que caíam junto de mim…
Eu apenas me tinha sentado no chão desiludido…estiquei as costas e pensando que eu estava a pedir esmola, deixaram que as moedas tilintassem para eu as apanhar… e durante todo o dia foi assim, até que me habituei e fiz daquele lugar o meu espaço permanente…
Mas o meu olhar jamais se levantou…
A que situação havia chegado um homem que sempre trabalhou…
nunca faltei, nunca fui indolente, nem malcriado para com ninguém…
Fui sempre um trabalhador aprumado e agora dispensado…desempregado …
Caminhei por todos os subsídios…até que me vi sem nada …sem direito a mais nada, fiquei esperando a reforma, que tardará em chegar…
Reparei com o tempo que mais homens como eu viviam estendendo a mão…
eu lamentava mas nunca me imaginei a fazer o mesmo…
E agora ali estava eu.. eu e o meu pedaço de chão, como se ele fosse propriedade minha…
Nunca levantei os olhos do chão…
ao mesmo nível do meu olhar, passavam as pessoas que iam e vinham, denunciando mais ou menos pressa…
Apenas as crianças olhavam para mim e estendiam na minha mão a moeda que os pais lhes entregavam…
Lembrei muitas vezes dos meus irmão pequenos e franzinos…
Naquele pedaço de chão, lembrei a minha mãe com saudade e o cuidado que ela teve sempre comigo por ser o mais franzino de oito irmãos…
A meio do dia , já não precisava de estar ali, ganhava para uma sopita e uma sande de manteiga ou de queijo e assim me deitava, no quarto que já consegui apagar, porque a casa de aluguer já há muito tempo que a tinha deixado…
A minha Teresa não ia gostar de me ver assim, ainda bem que Deus a levou primeiro…
Agora só resto eu, mas inda sou novo… que faço eu neste estado de miséria…
Dizem que é da crise. Então depois de tanto trabalhar, só me resta um pedaço de chão ?...
Mas há uns dias fiquei aflito… sentei-me como de costume e percebi que no mesmo lugar estava uma mulher com duas crianças… as moedas caíam como de costume e eu ia para as apanhar, mas não conseguia…
a mulher guardava as moedas e eu continuei ali na esperança de que ela vagasse o lugar…
Não estava entendendo nada…mas ouvi alguém a perguntar … então o senhor Paulo não está qui…que lhe aconteceu?...
Paulo…Paulo… era comigo, é o meu nome…apeteceu-me gritar…sou eu estou aqui.. mas não consegui que me escutassem porque me esforcei para falar e não saía som da minha voz…que estranho…
Sempre gostei do meu nome Paulo Lima…quando me chamavam para receber, era assim que eu ouvia o meu nome …Paulo Lima…e lá ia eu buscar um envelope de notas que me enchiam os olhos e o bolso…
Voltei a olhar para a mulher que ocupava o meu pedaço de chão…
Mas a mulher apressada, disse:- coitado já morreu vai para um mês… estava com os pulmões afectados…
Dum salto levantei-me e dei por mim mais leve e mais alto que o chão…
Alguém muito perto de mim me segurou… era a Teresa…
Segurou o meu braço e disse: - vem , já não precisas de estar aqui…
Mas este era o meu lugar………. vem , disse ela… este já não é o teu lugar…
Despertei incrédulo, como se estivesse a sonhar… triste, mas ao mesmo tempo feliz…
Ela disse-me:- tu morreste, não te recordas?...
olhei para trás e fiquei com saudade, mas ao mesmo tempo triste e pensativo…
afinal depois de tanto lutar e trabalhar, apenas fiquei com o meu pedaço de chão…
Lasalete …9 h... 6-4-2015
psic.( Paulo Lima)( crónicas do outro lado da vida)
lembra com um certo brilho no olhar o esforço dos progenitores, para que ela estudasse , se formasse e depois estivesse bem colocada, com uma boa profissão e se possível um bom cargo de chefia…
até à formação eles ainda conseguiram…
mas depois, foi bem difícil…
a profissão nunca foi a que ela que sonhava…
seu amor pela investigação preenchia e creio que ainda preenche o seu coração…
mas o cargo alto que os pais esperavam para el, muito menos…
caiu desamparada após a morte dos pais…
pode dizer-se que ficou só no mundo…
pode dizer-se que o mundo ficou com ela de vez enquanto…
também podemos confirmar que a profissão que mais dinheiro lhe entregou, não era bem a que ela escolheu…
então ela, era uma menina estudada, com capacidades únicas, e neste momento nas mãos da mais velha profissão do mundo ?...
ninguém imagina que assim seja…
que voltas que a vida dá…
quem mundo este, que não tem espaço para mais um…
um de cada vez… um que sempre sonhou… para mais um que gostaria de passar seus dias num laboratório de pesquisa…
hoje longe dos livros, cansada e destruída, sem nada para fazer durante o dia, espera a noite para trabalhar, nas emoções das sombras …
mas com muita nostalgia à mistura, quando lhe pergunto, quando muda de actividade, diz: eu trabalho , SEMPRE QUE O AMOR ME QUISER…
e a vida está assim… num mundo difícil… frequentada por gente que ao dizer-se adulta não percebe como alimenta a sua demência infantil, contratando vítimas, que não têm coragem de cortar as algemas…
e então perguntamos: QUE TEM O AMOR A VER COM TUDO ISTO ?...
Mas com mais ou menos conhecimento, a grande maioria das pessoas não sabe identifica-la, nem se sabe achar dentro dum quadro de solidão…
Solidão não é estar só… é estar sozinho, dentro da sua própria alma…
A solidão é uma loucura momentânea, que não nos permite andar pelos meandros da paz e da felicidade, onde se passeiam os demais…
E de tal forma se desenha essa loucura, que funcionamos como se fossemos trôpegos, quase paralíticos às vezes, incapazes de andar pelos próprios pés…tão certo o que eu digo, que a solidão por vezes nos paralisa…
Ficamos, quedos, firmes e hirtos…
Parece que as palavras não chegam sequer, para articularmos pensamentos…
Damos connosco a ensurdecer…
E o pensamento, se cruza com muitos silêncios difíceis de entender…
E aparece o medo de ficar só, ou a solidão já dentro do medo nos assusta, o que vai empurrar muita gente, para fazer as suas escolhas erradas…
Escolhas erradas, que depois não se podem apagar, como quem passa uma borracha num texto que se quer simplesmente destruir para ninguém ler…
Mas a solidão que mais fere, é a solidão acompanhada, por silêncios ósseos, suspiros, lentos tremores, risos ou sorrisos, vozes sussurradas, que denunciam a presença humana, mas fora do nosso labirinto emocional onde está esculpida a nossa solidão…
Hoje em dia, são inúmeros os casos de solidão, que se manifestam em pedidos contínuos de auxílio…de tal forma, que as lágrimas brotam, na vez das palavras…
Considero a solidão uma brutalidade, quando podíamos estar mais juntos do que nunca para podermos ultrapassar todas as crises do mundo, que se veste de egoísmo e se passeia disfarçadamente de cristão bem-aventurado…
Resolver-se-iam muitos suicídios… porque o suicídio não passa duma crise violentíssima de solidão, que ninguém detectou a tempo…
Estejamos mais atentos a quem nos rodeiam para evitarmos a solidão suicida…
doloroso mesmo é perceber, que já não há linhas para escrever o que queríamos dizer no tempo certo... ficam na voz as palavras que nunca foram proferidas... saltaram do pensamento para voarem pela voz e o coração não teve força para as soltar... e a emoção ficou emoldurada de palavras... com tanto significado que nem nós mesmos sabemos se temos o direito de as reter...
falta de coragem?...egoismo?... quem sabe...
e um dia vamos dizê-las de uma vez á pessoa que não as sabe receber... e aí o medo volta de novo... por isso suavizemos, e deixemos o coração ter voz... dizendo simplesmente :-( EU ESTOU A APRENDER A GOSTAR DO MUNDO... TU FAZES PARTE DESSE MUNDO...)
este poema leva-nos a entender um pouco mais a alma de quem na rua tem o seu estado permanente... obrigado pelo egoismo que ainda veste a humanidade...
se a humanidade me permite querer...
eu.....................
quero ser amado á luz do dia,
sem o frio do chão que á vida faz doer,
quero ter como todos a louca fantasia
duma cama onde possa adormecer...
não quero ser acordado pela noite
pelos olhos mecânicos de alguém,
que me dá de beber e de comer
mas que no fundo chega e parte
e eu fico sem ninguém...
quero ter uma porta onde entrar
um número qualquer só para mim,
para onde Deus por amor manda recados
em cartas perfumadas de jasmim...
quero ser como aqueles que passam pela rua
ligeiros com certezas guardadas em seu peito
quero ser a verdade deles, quase nua,
de que se chegam a mim sem preconceito...
quero fugir do chão sujo e molhado,
que guarda em si os pecados de ninguém...
porque os de toda a gente sem saber
é o meu louco coração que os retém...
quero dizer de frente á madrugada,
que fugi da noite e sonhando adormeci,
numa cama com lençóis e perfumada
tal e qual o berço onde outrora assim dormi...
quero louca e sofregamente possuir
um lugar para amar como um qualquer,
um lençol amarrotado de suor
e a recordação em minha pele de uma mulher...
quero sentir na mão uma cortina amarrotada
daqueles que vêm á janela para olhar
a lua que se esconde envergonhada
quando alguém rouba o direito de sonhar...
por tudo isto...
não me dês um cobertor... dá-me os abraços...
que o mundo não me deu por ser sincero,
não me dês meias para os pés, porque os meus passos
tomam sempre a direcção que eu nunca quero...
eles ?... oh !...já conhecem as ruas como a alma
da cidade que nunca está dormente,
que acorda a cada hora quem sossega
no chão onde passa toda a gente...
não me dês de comer... dá-me a certeza,
de que tudo pode mudar para melhor,
e que todos os filhos da desgraça
vão poder fugir de vez a tanta dor...
demora-te em mim um segundo... amigo... eu sou humano...
não me evites, nem me olhes assim tão de repente...
não sou divino... amigo ... eu sou profano...
mascarou-me a dor ,sou pobre, mas sou gente...
sou o rosto do amor ignorado
que sepultou a caridade em agonia,
eu só quero um lençol amarrotado
eu quero ser amado á luz do dia...
lasalete ... ( poemas do fundo da alma)... 1-12-2009 ... 3 h
O QUE MAIS PREOCUPA NÃO É O GRITO DOS VIOLENTOS, NEM DOS CORRUPTOS, NEM DOS DESONESTOS, NEM DOS SEM CARACTER, NEM DOS SEM ÉTICA...
O QUE MAIS PREOCUPA É O SILÊNCIO DOS BONS...
MARTINLUTER KING
é exactamente isto que eu venho dizendo...
a grande preocupação está apontada para uns tantos, quase de propósito, para ocultar a inércia dos outros, a nossa inércia...
nós que nos dizemos melhores que os outros...
mais honestos que os administradores...
mais puros que os violadores...
menos corruptos que os políticos...
porém, com bem menos ética moral que os que não crêem em coisa nenhuma...
é exactamente o silêncio dos bons que destrói o planeta, que maltrata as crianças e que lhes mancha a memória, que corrompe a juventude e os violenta nos seus ideais, que afasta os velhos de junto de nós e os amortalha num manto de solidão, que impede o trabalho usando todos os meios para atingir qualquer fim ...
e agora ... lamentamos...
ainda não é o fim... tudo isto que está acontecendo na sociedade, é apenas o doloroso despertar dum tempo promissor...
mas, como sempre, o ser humano tem que bater bem fundo para perceber que acima de si ainda há estrelas no céu, e que ele isoladamente, não é senhor do universo...
todavia, bem longe podemos chegar... não necessitamos de colocar o pescoço no fio da navalha, nem de nos colocarmos na mira dum tiro certeiro... basta que nos levantemos da cadeira e façamos tudo com um único objectivo... COLABORAR COM A VIDA... COM TODOS EM NOSSO REDOR...
abraçar os mais fracos é a grande tarefa...
muita gente me pergunta, qual é a sua missão sobre a Terra, porque se sente infeliz e inútil... e eu pergunto… é cego ?... ou tapou os olhos de propósito... não vê tanto que fazer em seu redor?...
a nossa missão sobre a Terra é exactamente romper os silêncios, derrubar muros , mudar a inoperância de lugar, porque é dentro dela que nos posicionamos constantemente, inventando movimentos que nos entontecem, girândolas de prazer que nos confundem e nos tombam de tanto cansaço…
a nossa missão é como a daqueles que neste momento recordamos como grandes heróis... amar sem fronteiras…sem barreiras…sem religiões… amar por amar…
a diferença entre eles e nó, é que eles acordaram e nós continuamos a dormir inventando que queremos acordar...vendendo sonhos á lua… e porque não lhe podemos chegar, então baixamos os braços…
este homem que hoje aqui trago como exemplo, e que faz parte dos meus heróis, também disse. no seu discurso da marcha pelo desemprego e pela liberdade:
EU TENHO UM SONHO
... Eu digo a você hoje, meus amigos, que embora nós enfrentemos
as dificuldades de hoje e amanhã. Eu ainda tenho um sonho.
É um sonho profundamente enraizado no sonho americano.
Eu tenho um sonho,
que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos,
que os homens são criados iguais.
Eu tenho um sonho,
que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos desdentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à mesa da fraternidade.
Eu tenho um sonho,
que um dia, até mesmo no estado de Mississippi, um estado que transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor de opressão,
será transformado em um oásis de liberdade e justiça.
Eu tenho um sonho,
que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação
onde elas não serão julgadas pela cor da pele,
mas pelo conteúdo de seu carácter.
Eu tenho um sonho hoje!
Eu tenho um sonho
que um dia, no Alabama, com seus racistas malignos,
com seu governador que tem os lábios gotejando palavras de intervenção e negação;
nesse justo dia no Alabama, meninos negros e meninas negras
poderão unir as mãos com meninos brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos.
Eu tenho um sonho hoje!
Trechos do Discurso de Martin Luther King (28/08/1963)
este homem, foi nobel da PAZ em 1964... no entanto partiu mais cedo… a sua vida terminou em 4 de Abril de 1968, porque alguém silenciou a sua voz...
Hoje, em vez de levantarmos a voz com fundamentos capazes, estamos mais interessados nas escutas...nas faces ocultas...
fica aqui a minha pergunta... porque não escutarmos a voz daqueles que á luz do dia gritam que precisam de ajuda...
os que têm o rosto descoberto ?...
é mais fácil e dá notoriedade, falar dos grandes conflitos ou pseudo confusões...
no fundo, tudo isto é apenas um circo económico... pois que todos sabem de antemão, que saem uns e entram outros, e se a moda pega... quem é que os escuta ?...
acordem as consciências ...porque acordar as consciências é a nossa missão...
avultados de dívidas á vida que mal aproveitaram...
estão sugados pelo tempo, que sem tempo os empurrou de forma labiríntica e os calca ... e os esquece... e já nem para eles olha como em outros tempos...
o Inverno da vida é severo, rigoroso e implacável...
ontem o meu Tel. tocou...
uma voz choroso, com muita idade chorava aflita, com frases decoradas por tanta insistência em serem repetidas e a voz que chorava sabia a coração dorido de tanto desgosto...
o filho já com idade respeitável, transformara-se no seu carrasco...
os gritos e as agressões constantes, são o pão nosso de cada dia...
mas, não se pode queixar, não pode dizer que a agressão física acontece e sabe de antemão que se o filho souber que se queixa, as agressões serão maiores...
esteve internada para uma operação melindrosa e não deixou o cartão de crédito na mão do filho, já que de vezes anteriores ele simplesmente gastou todas as suas economias...
viver em conjunto com ele, para ela, é um suplico enorme, mas ninguém a pode ajudar...
ela apenas se quer lamentar e fê-lo durante uma hora...
depois se despediu duvidando da existência de Deus, e angustiada, pedia que o filho partisse rapidamente deste mundo, para ela ter sossego...
arrepende-se de escolher a companhia do filho , mas tem que viver com ele...
o álcool a que o filho se entrega diariamente, agrava a sua má disposição para com aquela, ela que lhe deu a vida...
já muito de noite, lá consegui que fosse dormir, e no meio de muita desculpa, desligou para ver se descansava...
quando a vemos a passar percebe-se que carrega uma dolorosa cruz...
cambaleia e chora mal encontra os nossos olhos...
pergunta sempre que mal fez a Deus para ter uma velhice tão difícil...
aconselhei o apoio á vitima, mas ela tem medo...
assim caminham muitos idosos neste mundo, sovados pelos menos velhos e por alguns bem mais novos...
as lágrimas confundem-se com as rugas e sempre que choram pensamos que são as dores próprias dum corpo cansado... mas não... são as dores da alma, bem fortes quando são provocadas por filhos sem coração...
o Inverno da vida... quem lhe chamaria assim...
que bom seria que com a experiência acumulada pudéssemos na idade mais avançada, voltar a ser Primavera ou Verão... como o mundo seria diferente...
o Inverno da vida, gelado de amor e quente de preocupação e desgostos, ainda é o que espera a maioria dos mais velhos neste mundo...
por isso eu sempre recomendo, que se esforcem por se manterem activos, física e mentalmente, e parem apenas quando a vida de forma declarada e concreta assim o exigir...
até lá, mantenham a força viva que os trouxe até aqui e vivam, vivam todas as loucuras, todos os amores, sem vergonha e com mais energia...
nós, os que ainda não estamos velhos, semeemos a Paz e não permitamos que ninguém, nem mesmo um filho nos retire essa paz...
um abraço do tamanho do mundo ...
e se você que está a ler esta página tem junto de si alguém mais velho, que simplesmente ignora, corra para ele, abrace-o e fique a contemplar de mente limpa, o Inverno da vida, porque há rosas que ainda florescem no Inverno, mantendo o seu perfume inigualável...
dizer que a noite de Natal foi agradável é pouco...
que foi fantástica é indefinível...
foi sem dúvida a noite mais bela do ano...
e será inesquecível para todos os que participaram dessa noite...
como é natural estou a referir-me á noite da Ceia de Natal no Coração da Cidade...
a sala primava por uma decoração cuidada... a árvore com as suas grinaldas reluzentes, subia até ao tecto emprestando á +paisagem natalícia do recinto a majestade que se desejava...
o presépio com a sagrada família em tamanho gigante, encimada por um anjo belíssimo que flutuava olhando para o menino, fazia as delícias de quem se aproximava para o ver...
a área destinada aos presentes do sapatinho dos nossos amigos da rua, está linda demais e as belas vermelhas definiam a decoração em tons de madeira suave... no mesmo espaço destinado ao Pai Natal, uma pequena áevore coberta de neve continha saquinhos suspensos que uma voluntária amorosa tinha enchido com ervas aromáticas cultivadas na instituição e que no seu fatinho de serapilheira caíam a matar na árvore branquinha, abraçada por uma roda de carro de bois que alguém que não a quis fez chegar com os inúmeros adereços que se deitam para o lixo e que nós aproveitamos...
um enorme post decorava a enorme parede branca, onde a figura de Jesus de Nazaré de braços abertos fazia um convite expresso na seguinte frase " EU HOJE FAÇO ANOS... AMIGO... VEM Á MINHA FESTA" ... anjinhos com estrelas reiteravam o convite envolvendo Jesus...
para sentar os nossos convidados as mesas redondas camilhadas de amarelo dourado, apareciam sorridentes com as velas pretas e douradas que uma voluntária decorou, pousando cada uma delas sobre um coração vermelho...
a ceia estava prevista para as 19 horas... mas pelas 14 horas já a afluência dos voluntários para essa noite em especial era enorme...
mais de 150 voluntários emprestaram a este Natal solidário o amor que o evento necessita e que os nossos convidados esperam...
entre sorrisos e palavras de carinho a sala á hora marcada ficou composta e com os utentes daquela hora abrimos a ceia agradecendo a Deus e a Jesus por todos os que de forma amorosa se esforçaram para que este Natal fosse inesquecível...
todos os que estavam nasala se juntaram num Pai Nosso sentido por aqueles que não tendo abrigo tombam no chão de frio e de dor, cobertos pelo abandono, mas também foram lembrados os que de forma solidária se esforçam para apaziguar a vida dos que precisam de auxílio...
o bacalhau já se sentia pelo cheirinho inesquecível , as batatas, os legumes, os ovos, perfilados, esperavam o dourado azeite e olho imprescindível, na noite de consoada...
os cheiros dos bolos caseiros, das rabanadas, do leite creme, dos inúmeros pudins e da abençoada aletria, ofereciam um aroma inconfundível...
todo o repasto, foi regado com um vinho do Alentejo oferecido por amigo que num se esquece dos mais carenciados no Natal...
entre muitos amigos que nos visitaram, Jorge Nuno Pinto da Costa, fez-se presente e conviveu de perto como é seu costume com portistas e benfiquistas que no local, já fazem questão de o receber para lhe endereçar votos de um feliz ano desportivo...
a música natalícia emoldurava o recinto, mas a generosidade se expressava nos olhos e nos lábios dos voluntários que se afadigavam para que tudo corre-se a preceito e para que todos saíssem dali muito felizes, como efectivamente aconteceu...
dizia um utente á saída... há natais em muitos lados, mas Natal como aqui ninguém consegue fazer...
a diferença neste Natal, que se subordinava ao tema " O TEU NATAL... O MEU ABRAÇO", foi a tónica dominante na nossa abordagem nesta noite já de si tão especial...
como havíamos combinado todas as mesas estaria sempre acompanhadas por um voluntária que estaria a cear ao mesmo tempo que as pessoas sem abrigo... e assim aconteceu, o que motivou alguma comoção, pois que, quer os convidados, quer os nossos utentes, se sentiram mais unidos e o diálogo era farto e pleno de sorrisos á mistura com algumas lágrimas...
interessante foi verificar, que com a presença de uma senhora na mesa, todos eles se privaram de dizer uma má palavra e saíam com um aperto de mão na despedida...
não há um só caso de reparo neste Natal...
a noite finalizou com a ceia dos voluntários que ainda não tinham jantado e com a tradicional troca de lembranças...
de salientar que apesar do cansaço que era evidente em muitos rostos a noite nem por isso foi menos animada...
por tudo isto só temos que agradecer a todos os que de uma forma ou de outra permitiram que este Natal, pudesse acontecer...
se a crise se nota pelos bens de consumo, amigos , em matéria de amor ela foi farta...